Minas Gerais Polícia Civil investiga injúria racial contra estudante de 14 anos em BH

Polícia Civil investiga injúria racial contra estudante de 14 anos em BH

"A gente se sente traído", relata o adolescente sobre os atos supostamente praticados por colegas de escola

  • Minas Gerais | Pablo Nascimento, do R7, com Gisele Ramos, da Record TV Minas

A Polícia Civil de Minas Gerais abriu um inquérito, nesta segunda-feira (20), para investigar suposto ataque de injúria racial contra um adolescente de 14 anos. O delito teria sido praticado por colegas de escola. Todos são alunos de um colégio particular do bairro Jardim Vitória, na região nordeste de Belo Horizonte.

Pai do adolescente formalizou a denúncia

Pai do adolescente formalizou a denúncia

Gisele Ramos / Record TV Minas

Durante a tarde, Alexandre Henrique Venâncio, pai do garoto, procurou a corporação para formalizar a denúncia. Na última semana, a escola já havia promovido um encontro entre os responsáveis para tratar do assunto.

O adolescente acompanhou o pai na delegacia. No local, o menor relatou à reportagem que espera não se encontrar mais com os possíveis autores dos ataques.

“A gente se sente traído e bastante chateado com a situação. Se eles [autores] continuarem na escola, eu não quero continuar e nem ficar perto deles”, desabafou o estudante.

Gilberto Silva, advogado da família, explica que como existem menores envolvidos, os ataques não podem ser chamados de crimes, mas, sim, de atos infracionais. "Mesmo assim, passa por todo um procedimento investigatório e também vai para a Justiça com acompanhamento do Ministério Público. Em relação aos pais, existe a responsabilidade objetiva do pai na esfera cívil, onde haverá reparação dos danos possíveis causados por estes filhos", detalha.

Três agressores, que são menores de idade, foram identificados. Eles e os pais serão chamados para depor, segundo a Polícia Civil.

Entenda o caso

Colegas de sala teriam publicado frases criminosas em um grupo de mensagens criado pra discutir assuntos acadêmicos, após o adolescente de 14 anos deixar o espaço de conversa.

Uma das mensagens diz: "nem sabia que preto estudava". A frase "eensei que preto era tudo pobre", aparece em seguida. O ataque continua quando alguém escreve: "Saudades de quando preso só era escravo", e "sempre trabalhava".

O menino alvo das ofensas só soube das mensagens porque um outro colega, indignado com o preconceito, encaminhou as conversas para ele.

O aluno estuda na escola há 8 anos e afirma que foi a primeira vez que sofreu preconceito por causa da cor da pele.

A escola divulgou uma carta de repúdio. No texto, a direção fala que o colégio tem uma diretriz cristã, que é presidido por um diretor negro e que a maioria dos funcionários e professores é negra e parda. Também  afirma que repudia todo e qualquer ato ou discriminação social e etnico-racial.

Diz ainda que espera que as autoridades competentes apurem os fatos e responsabilizem os agressores, deixando claro que como entidade educacional cristã, pregam o amor, a solidariedade e o perdão e tal incumbência não é da alçada da escola.

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