Guerrilheiros das Farc são acusados de escravizar reféns?
Grupo comunista sequestrava pessoas para fins de extorsão e as obrigava a fazer trabalhos pesados
MonitoR7|Do R7

Grupos do Telegram repercutiram nesta semana a informação de que a Justiça da Colômbia teria confirmado denúncias de que ex-guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) mantinham reféns em condições análogas à escravidão.
As Farc foram uma organização paramilitar de inspiração comunista que usava a guerrilha para tentar tomar o poder naquele país. Os reféns mantidos pela organização eram resultado da estratégia de sequestro para fins de extorsão. Em dez anos, as Farc chegaram a sequestrar mais de 6 mil pessoas e no fim de 2007 mantinham pelo menos 800 reféns.
Além de praticar a extorsão por meio de sequestros, a organização se associou ao narcotráfico na Colômbia como forma de financiar a luta armada. As Farc foram classificadas de organização terrorista pelos governos da Colômbia, Estados Unidos e Canadá, além da União Europeia.
Na mensagem, divulgada em um grupo do aplicativo com mais de 24 mil membros, é compartilhado um link para um site em espanhol que detalha a situação.
A informação é verdadeira. Na última sexta-feira (24), a Jurisdicción Especial para la Paz (JEP), mecanismo de Justiça transicional criado para julgar crimes cometidos por guerrilheiros no período em que as Farc foram ativas, confirmou as denúncias.
Em um documento de 50 páginas que explica as ações, a JEP acusou formalmente o grupo de crime de escravidão e de “tomada de reféns e privação grave da liberdade”.
De acordo com informações obtidas pelas investigações, guerrilheiros obrigavam as vítimas a realizar trabalhos forçados, como conduzir canoas e caminhões, transportar remessas e ajudar na construção de vias e pontes. Também foi revelado que, como forma de castigo, reféns eram obrigados a fazer serviços de limpeza em estradas e rodovias.
A Justiça responsabiliza ao menos cinco membros do alto escalão da guerrilha pelos crimes, que atentam contra a dignidade humana. As Farc, no entanto, negam as acusações. Segundo o jornal local El Espectador, ex-membros do grupo não receberam bem a confirmação da denúncia:
“Estamos cumprindo o que foi acordado e tomamos conhecimento de nossos equívocos, Não compartilhamos que as condutas que já reconhecemos e que afetaram a dignidade dos sequestrados passaram a ser classificadas como escravidão. Seria falso e estar em dívida com a história permitir que prevalecesse a narrativa de que as Farc eram uma organização escravista”, declarou um ex-membro do secretariado.
A criação desse mecanismo de investigação faz parte do tratado de paz assinado em 2016 entre o governo colombiano e as Farc, que culminou no desarmamento da guerrilha e no fim do cultivo de drogas ilegais, que financiava o grupo.
Durante os mais de 50 anos de conflitos entre guerrilheiros das Farc e o governo colombiano, apoiado por outras nações, estima-se que mais de 200 mil colombianos morreram, além de milhões de pessoas terem deixado o país por medo da violência.
Após o acordo, as Farc se tornaram um partido (Força Alternativa Revolucionária do Comum). No entanto, parte dos integrantes da organização guerrilheira não aceita o acordo e promete retomar a luta armada.
O acordo também enfrenta resistência de boa parte da população colombiana, que discorda da possibilidade de ex-guerrilheiros poderem se candidatar a cargos públicos, sem ser punidos por crimes cometidos durante o período de luta armada.
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