Folha de Pernambuco ouviu representantes do estado que estavam se preparando para buscar vaga na Olimpíada em Tóquio, no Japão
Folha de PernambucoVárias declarações, mas o mesmo posicionamento: o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, por conta da pandemia do novo coronavírus, foi a melhor decisão a ser tomada pelo COI (Comitê Olímpico Internacional). Opinião partilhada pelos atletas pernambucanos.
"O mundo está gritando para uma outra situação, focada na saúde. Muita gente sem piscina e sem poder treinar, ou seja, sem conseguir seguir os planos de treinamento. É um momento difícil que estamos passando. O planeta pede socorro. Pede para desacelerarmos", disse a nadadora pernambucana Etiene Medeiros, recordista feminina mundial dos 50 metros costas em piscina curta.
"Essa notícia me deixa mais aliviado. Estava treinando em casa, sem saber o que ia acontecer, mas com o adiamento, eu posso me planejar mais", disse o nadador paralímpico Phelipe Rodrigues, dono de sete medalhas de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, no Peru.
"Foi uma decisão acertada. Todos estavam sendo prejudicados. Muitos atletas, como eu, não tinham como treinar. Eu dependo exclusivamente de uma piscina e o Centro Paralímpico Brasileiro está fechado desde a semana passada. Agora teremos mais tranquilidade para ficar no período de quarentena sem se expor para procurar locais de treino", explicou a também nadadora Carolina Santiago, detentora de quatro ouros no Parapan passado.
Vivendo no Equador, Érica Sena, competidora da marcha atlética e única pernambucana já classificada ao torneio, explicou como estava se preparando antes do adiamento dos Jogos. "Aqui, assim como no Brasil, nós estamos de quarentena. Só podemos sair de casa três vezes por semana para comprar coisas no mercado ou ir na farmácia. Eu estava treinando em uma esteira, mas sei que muitos atletas não podem fazer o mesmo. Seria injusto ter os Jogos agora. Ninguém tinha cabeça para pensar em competição em um momento como esse", ressaltou a recordista sul-americana da modalidade.
A paralisação dos Jogos, além de influenciar na preparação dos atletas, também interfere na busca por patrocínios. "Vivenciei um ano de 2019 com muitos títulos. Pernambuco me abraçou e me fez sentir valorizado. Mas, em termos de patrocínio, eu ainda não consegui. Vivo com o (dinheiro) do Time PE (ofertado pela Secretaria de Educação e Esportes do Estado) e, com essa paralisação, fica ainda mais difícil conseguir algum empresário para ajudar", frisou Sandro Varelo, especialista no lançamento de dardo e ganhador do Prêmio Pódio Pernambuco de melhor paratleta do Estado.
"O adiamento foi uma decisão sábia. Seria imprudente fazer uma Olimpíada em um momento que muitas pessoas estão morrendo. Alguns atletas não conseguiam sequer treinar. Você perde o condicionamento físico e técnico. Até recuperar isso, demora. Se fizessem os Jogos, o nível de atuação seria baixo", opinou Wagner 'Montanha' Domingos, atleta do lançamento de martelo. O pernambucano está desde janeiro na Eslovênia, país europeu que também optou por fechar os locais de treinamento. Também na Europa, a atleta de handebol, Deborah Hannah, citou que não estava podendo se preparar para a competição. "Estou de quarentena, sem treinar. Acredito que essa suspensão foi a melhor decisão."
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