Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Futebol passa por teste decisivo com a retomada da Bundesliga

Muitos países, incluindo Itália, Espanha e Inglaterra, vão acompanhar de perto com esperança e apreensão a experiência alemã

Folha de Pernambuco|

Muitos países, incluindo Itália, Espanha e Inglaterra, vão acompanhar de perto com esperança e apreensão a experiência alemã
Muitos países, incluindo Itália, Espanha e Inglaterra, vão acompanhar de perto com esperança e apreensão a experiência alemã Muitos países, incluindo Itália, Espanha e Inglaterra, vão acompanhar de perto com esperança e apreensão a experiência alemã

O que está em jogo é imenso e vai muito além do âmbito esportivo: o Campeonato Alemão, que neste sábado (16) será a primeira grande competição de futebol a ser retomada, deve provar ao mundo inteiro que o esporte profissional pode conviver com o coronavírus. Mas as incertezas são muitas e as certezas poucas.

Às 10h30 (horário de Brasília), o início dos cinco primeiros jogos desta nova era da história do futebol ocorrerá simultaneamente em cinco estádios vazios. Antes dessas partidas haverá, às 8h os confrontos da segunda divisão.

Muitos países, incluindo Itália, Espanha e Inglaterra, as outras três grandes potências que consideram retomar suas ligas, vão acompanhar de perto com esperança e apreensão a experiência alemã. Um fracasso reduziria drasticamente suas próprias chances de convencer seus governos a darem o sinal verde.

O jogo de maior destaque desta 26ª jornada será entre o Borussia Dortmund, segundo colocado, contra o vizinho Schalke, no prestigiado "derby do Vale do Ruhr", com portões fechados pela primeira vez na história.

Publicidade

O líder Bayern de Munique e seus astros vão entrar em campo no domingo às 13h em Berlim, no estádio do Union. Será um presente para os fãs ávidos por futebol ao redor do mundo.

Leia também:

Publicidade

Com volta do futebol alemão, veja situação do Brasil e de outras ligas pelo mundo

Torcedores contestam volta do futebol sem torcida na Alemanha

Publicidade

"Se a Bundesliga é o único campeonato transmitido pela TV no mundo, suponho que contaremos espectadores aos bilhões", se animou o presidente do Bayern de Munique, o ex-craque Karl-Heinz Rummenigge, que vê uma operação promocional formidável.

"Em 20 anos, nunca senti esse interesse (do público) pela Bundesliga", disse à AFP Adolfo Barbero, comentarista do canal espanhol Movistar +.

Tudo audível

Mas o espetáculo de sábado virá de uma maneira bastante estranha, com estádios silenciosos.

Os jogadores de futebol não vão poder se abraçar após os gols. Máscaras serão usadas nos bancos de reservas e não haverá protocolos antes dos jogos; com crianças, apertos de mão e nem fotos.

Jogadores e treinadores devem tomar cuidado com suas palavras, que serão audíveis.

"Vou tentar falar sozinho e me comportar de uma maneira socialmente aceitável", brincou o técnico do Leipzig, Julian Nagelsmann, que costuma se exaltar nos jogos.

Fica a dúvida sobre por que jogar sob essas condições que matam o encanto do futebol. A liga alemã não esconde seus motivos: trata-se de salvar um setor econômico abalado pela interrupção das competições.

Jogando as últimas nove rodadas da temporada, os clubes recuperarão 300 milhões de euros (R$ 1,9 bi na cotação atual) em direitos de televisão, o que permitirá que vários deles evitem a falência.

A meta é terminar o campeonato no dia 27 de junho. Mas a liga não exclui ir até julho, se algum clube for vítima de uma grande contaminação por coronavírus e for obrigado a permanecer em quarentena por mais catorze dias.

'Preparador mental'

O técnico do Borussia Dortmund, Lucien Favre, anunciou na quinta-feira (14) que o clube havia contratado um preparador mental para o reinício da Bundesliga, considerando essa ajuda "necessária" após o período de confinamento.

Em entrevista, ele afirmou que essa experiência não é nova em sua carreira: "Quando eu estava em Nice, já tínhamos um preparador mental. Estou acostumado e acho muito bom. Na situação atual, é ainda mais necessário. Não jogamos há dois meses".

Ele também falou sobre a influência que a ausência de público pode ter na parte psicológica dos jogadores: "Sem espectadores, especialmente aqui, onde temos o hábito de jogar diante de 80.000 pessoas, será muito particular. É uma questão mental. Você dá um passe, um chute e ninguém reage. Você tem que se preparar para isso, é muito importante".

Adaptação

"Podemos esperar surpresas e mudanças na classificação", disse o ex-jogador e dirigente do Borussia Dortmund, Sebastian Kehl, que considera que o resultado do derby "não vai depender do melhor elenco, mas sim daquele que souber se adaptar melhor à situação pouco habitual e a criar a melhor dinâmica de equipe".

"Para quem não conseguir se adaptar mentalmente, será fatal", acrescentou o técnico do Colônia, Markus Gisdol.

Treinadores, jogadores e dirigentes compartilham sua opinião: este final de temporada será jogado "com a cabeça". E estádios vazios não serão o único problema.

Será necessário seguir os requisitos do protocolo sanitário, que mudará completamente os rituais aos quais todos estão acostumados.

"Vai levar tempo para se adaptar. Alguns ajudarão recorrendo a memórias de situações semelhantes, sem público, jogos decisivos de sua juventude", disse o psicólogo esportivo Georg Froese, entrevistado pela revista Kicker.

Ceticismo

Por enquanto, apenas um clube está nessa situação: o Dynamo Dresden, da segunda divisão. Na primeira, vários casos de contaminação foram divulgados, com o isolamento das pessoas afetadas, mas todas as equipes continuam treinando, com testes realizados regularmente.

Esta retomada, que desperta uma esperança no mundo do futebol, não encontra unanimidade na Alemanha.

Na sexta-feira, a rede pública ARD divulgou uma pesquisa indicando que 56% dos alemães não são favoráveis.

E os riscos não são menores. Para os jogadores em primeiro lugar: alguns danos causados por uma infecção pulmonar "podem ser irreversíveis" e levar ao fim da carreira de um atleta de alto nível, disse o Dr. Wilhelm Bloch, da Escola Superior de Esportes de Colônia.

"Não tenho medo pelos meus jogadores", garantiu Hansi Flick, técnico do Bayern, na sexta-feira. "Conversamos sobre isso juntos. Se um jogador tivesse preocupações, ele poderia ter decidido não jogar, sem consequências para ele. Mas todos responderam que estarão presentes".

Para limitar os riscos, os clubes estão passando por medidas sanitárias draconianas e as equipes são obrigadas a se isolar nesta semana. Na quinta-feira, o técnico do Augsburg, Heiko Herrlich, foi excluído do grupo por ter saído para comprar pasta de dente, violando as regras da quarentena. Ele não poderá entrar no estádio no sábado.

Outra preocupação diz respeito à atitude dos torcedores, que podem ficar tentados a se reunir nos arredores dos estádios.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.