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Gaby Amarantos e Fafá de Belém fincam ponte musical Pará-Pernambuco

Artistas paraenses, veteranas no Carnaval do Recife, consolidam a mistura de ritmos a cada Folia de Momo

Folha de Pernambuco|

Artistas paraenses, veteranas no Carnaval do Recife, consolidam a mistura de ritmos a cada Folia de Momo
Artistas paraenses, veteranas no Carnaval do Recife, consolidam a mistura de ritmos a cada Folia de Momo Artistas paraenses, veteranas no Carnaval do Recife, consolidam a mistura de ritmos a cada Folia de Momo

Geograficamente, a distância entre Belém do Pará e Recife é até considerável : pouco mais de dois mil quilômetros separam as duas cidades. Mas faz tempo que entre o carimbó e o frevo, o tecnobrega e o maracatu, o calypso e a ciranda, o longe ficou perto, em meio aos tantos passos ritmados (e misturados) pelos gêneros musicais das bandas de lá e de cá, e bem explorados por duas paraenses veteranas da folia em Pernambuco. Uma delas, Fafá de Belém, gaba-se por ter o título de "cidadã pernambucana e cidadã de Olinda", já a outra, Gaby Amarantos, confessa sem arrodeios que "estar em Pernambuco no Carnaval é o abrir caminhos para o novo ano".

Não tê-las, portanto, no calendário recifense da festa de Momo, causaria estranheza aos foliões e a elas próprias que se apropriaram da folia no Marco Zero, Bairro do Recife, dos polos descentralizados e do Galo da Madrugada, com a toda a permissão das multidões que acompanham desde sempre as andanças de ambas por aqui.

O pertencimento nos palcos do Carnaval pernambucano, para Fafá, mais especificamente nos sábados de Zé Pereira, dia do desfile do Galo da Madrugada, completa uma década em 2020. Mas o "amor à primeira vista" da cantora paraense com o Estado se deu no final da década de 1970, com seu "Tamba-Tajá", LP apresentado no saudoso Teatro do Parque. De lá para cá já se vão mais de quatro décadas de história nas terras dos altos coqueiros - e se de trajetória ela está prestes a completar 45 anos, o "nascer" por aqui é o que menos interessa para tê-la como pernambucana.

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"Há uma relação de carinho, entendimento e muito amor com esse Estado. Meu primeiro Carnaval foi há dez anos, abrindo o Galo com o Gustavo Travassos, sempre com a preocupação de ter na sonoridade o repertório local, somando Pará e Pernambuco. Não nasci aqui mas quer mais amor do que ter os títulos dessas duas cidades?", enfatiza, aos risos, referindo-se às honrarias olindenses e pernambucanas recebidas, o que a torna cidadã honorária.

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Fafá de Belém integra há anos a programação do Carnaval do Recife
Fafá de Belém integra há anos a programação do Carnaval do Recife Fafá de Belém integra há anos a programação do Carnaval do Recife

Fafá de Belém integra há anos a programação do Carnaval do Recife - Crédito: Folha de Pernambuco

O disco "Fafá, Frevo e Folia - Coração Pernambucano", lançado em 2013 com produção de Zé da Flauta e direção musical de Bráulio Araújo, diz muito sobre o "affair" da cantora paraense com o Carnaval do Estado. O EP com cinco faixas, entre elas a lendária "Voltei Recife" (Luiz Bandeira), canção que ganha o sotaque do Pará e provoca "agonia" nos pés de quem a ouve. "Todos que chegam em Pernambuco devem reverenciar esse Estado, porque aí (aqui), é frevo, meu bem", diverte-se Fafá de Belém, dona de um coração que "é do mundo, mas tem lugar destacado" pelas bandas do Recife.

Portal de passagem

A relação de Gaby Amarantos com o Carnaval de Pernambuco não é tão distante da que Fafá mantém com a folia por aqui, ao menos em se tratando de sentir o frevo, cair no passo e se espalhar com o seu tecnobrega no palco do Marco Zero, espaço que será ocupado por ela e por outras mulheres de peso no sábado 22 de fevereiro, em uma noite que será aclamada pelo protagonismo feminino. Além da artista paraense, Gretchen, Elza Soares, Nena Queiroga e as meninas do Dita Curva, tomam a frente da festa.

"Essa diversidade e representatividade que a gente tanto fala, vai ser contemplada em um dos maiores templos sagrados do Carnaval que é o Marco Zero, um lugar espiritual, de alegria, um lugar de muita força. Sinto uma responsabilidade de estar ali simbolizando mulheres que são fora do padrão, e se for falar da mulher negra dentro desse contexto, ela tem prioridade né? E ela está sendo priorizada. Viva todos os tipos, corpos, mulheres e xanas", responde, irreverente e sem pudores, Gaby, que tem pela folia pernambucana uma espécie de "inspiração para a vida" e o público local como a "apoteose da festa".

Com a ponte Pará-Recife fincada há alguns carnavais, afirmação que Gaby complementa retrucando que "nem é uma ponte, é um portal de passagem de amor e respeito mútuo entre as culturas", parcerias com artistas pernambucanos se tornaram também um caminho que leva o Norte e traz o Nordeste ou vice-versa. Exemplos dessa interação é o hit "Corpo Fechado", participação que a paraense faz no disco "Coração" (2017), de Johnny Hooker e mais recentemente, foi com Duda Beat que Amarantos se juntou em "Xanalá" (2019).

"É muito bom ter esses amigos tão talentosos. Sou muito apaixonada pelo Johnny, temos uma relação de amizade forte e trocas lindas no palco. E a Duda, já ouvia o som, acompanhei o crescimento dela e tive a honra de tê-la em "Xanalá". Em comum temos o amor pela música e pela cultura de nossos estados, isso nos une e permite que a gente traga um pouco das duas regiões para o Brasil".

Escalada, também, para show em Campo Grande, um dos polos descentralizados do Carnaval, Gaby Amarantos é adepta da multiculturalidade da festa pernambucana - frequentada por ela há pelo menos sete anos. Ao mesmo tempo em que é à tradição dos ritmos da folia pernambucana que ela entrega seu encantamento, tomando como responsabilidade o convite de integrar a programação e imprimir sua personalidade no palco sem, no entanto, deixar de fora a sonoridade local.

"Isso (a multiculturalidade) é uma das coisas que acho mais incrível por aí e a gente entende que existe um comprometimento de deixar que as tradições sempre estejam no lugar de maior destaque. É muito lindo chegar no Carnaval, eu que sou de fora, me inserir nessa cultura, sentir essa troca de muitos ritmos, mas sem que a tradicionalidade e o protagonismo deixem de ser mantidos", enaltece ela que promete show eletrônico e inovador durantes os dias festivos por aqui. "O show vai ser diferente de todos os outros anos, com tecnobrega e Xanalá, mas também com marchinhas e cirandas, porque a gente gosta dessa mistura".

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