Caio Souza lançou mão de suas habilidades manuais e construiu de forma artesanal um aparelho simples, mas útil
Folha de PernambucoO ginasta brasileiro Caio Souza, 26, encontrou uma solução criativa para atacar simultaneamente dois problemas comuns a atletas durante a quarentena.Com dificuldades para treinar os movimentos complexos que precisa executar no esporte e precisando esvaziar a cabeça cheia de incertezas após a paralisação de competições e o adiamento da Olimpíada para 2021, ele lançou mão de suas habilidades manuais e construiu de forma artesanal um aparelho simples, mas útil.
Os ginastas chamam o objeto de cogumelo, e ele serve para treinar movimentos de rotação feitos sobre o cavalo com alças. Nos ginásios, costuma ser usado pelos iniciantes.Caio é um generalista, ou seja, precisa se dedicar a todos os aparelhos. Nas últimas duas edições do Campeonato Mundial de ginástica artística, ele terminou a disputa da categoria individual geral em 13º.
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"Sempre gostei de artesanato, de montar armário e já fiz uma mesinha. A ideia de montar o cogumelo veio por não conseguir treinar nos aparelhos. Ali a gente fica fazendo giros, mudança de direção, e depois reproduz no cavalo. Claro que não chega tão próximo, mas para quem não tem nada, metade é o dobro", diz.
Ele, que treina em São Bernardo do Campo (SP), mantém conversas com seus técnicos, nutricionista e psicólogo, mas não entra em um ginásio para praticar desde 13 de março. Assim, precisava encontrar formas de espairecer.
"Muita coisa aconteceu: mudança da Olimpíada, não treinar, a cabeça fica a milhão. Nunca fiquei tanto tempo sem treinar, quando fiz cirurgia mesmo assim ia ao ginásio", afirma. Outra ideia para aproveitar um de seus hobbies, e também contribuir com a sociedade, foi confeccionar máscaras de tecido, que ajudam a combater o coronavírus.
Na casa da mãe, onde Caio tem ficado atualmente, ele pode usar a máquina de costura nova que deu de presente para ela recentemente –em troca, ficará com a antiga."Minha mãe me ensinou a costurar muito tempo atrás. Eu sei bordar, fazer crochê e tricô", ele conta. Junto com a família, já produziu centenas de máscaras que foram doadas para um hospital e a prefeitura de Volta Redonda, sua cidade natal. "Alguma coisinha estou ajudando."