Os torturadores de fatos foram derrotados por Moro
Jornalistas que ignoram a diferença entre análise e profecia desprezam o direito à informação correta
Augusto Nunes|Do R7
Desde a posse no Ministério da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro é mantido a um passo do desemprego por jornalistas que confundem notícia com adivinhação e colunistas que ignoram a diferença entre análise e profecia. Quando foi chamado de "funcionário do presidente da República" pelo deputado Rodrigo Maia, os videntes decidiram que Moro não conseguiria sequer falar por telefone com algum parlamentar. O mais irrelevante desencontro com Jair Bolsonaro virou sinal de ruptura iminente. E a queda do ministro foi marcada para a semana seguinte depois de emboscado por hackers bandidos e receptadores de material roubado.
Adivinhos e profetas foram derrotados de novo. No fim de novembro, apesar da amputação de medidas claramente necessárias, Moro conseguiu avanços relevantes com a aprovação pela Câmara do pacote anticrime. Neste começo de dezembro, o DataFolha constatou que 53% dos brasileiros consideram bom ou ótimo o desempenho do ministro. Ruim é a situação dos ladrões de mensagens, informa a Polícia Federal. Logo ficará péssima, comunica o acordo de delação premiada com um integrante do bando.
Os torturadores da verdade que infestam a imprensa não devem ter ouvido a advertência feita por profissionais experientes a quem acabava de entrar numa redação: não briguem com fatos. O caso de Moro reitera que é perda de tempo. E é também um atentado contra o direito à informação correta.
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