O deputado Rodrigo Maia: preserva o mandato e deve ir para o PSD
Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados - 18.12.2020O anúncio nesta segunda-feira da expulsão do deputado Rodrigo Maia do Democratas consumou um processo de ruptura já anunciado, e até buscado pelo parlamentar carioca, que mantém seu mandato intocado e, tudo indica, deve migrar para o PSD, de Gilberto Kassab. A exclusão do ex-presidente na Câmara da legenda que ajudou a fortalecer, no entanto, não deixa de ser chocante pelo que revela: a nova geração de políticos não herdou de seus antecessores do PFL a capacidade de composição na divergência, que permitiu que o partido se mantivesse influente através de décadas.
A razão objetiva para a expulsão está nos embates do processo sucessório na Câmara dos Deputados, do qual Maia saiu triplamente derrotado: não obteve o direito de concorrer a novo mandato, não conseguiu fazer do emedebista Baleia Rossi seu sucessor, e sequer obteve o apoio da bancada do DEM à chapa que montou, já que isso obrigaria a legenda a desembarcar da base governista – o que escapa ao DNA do partido.
Maia apostou o prestígio conquistado como presidente da Câmara numa batalha incerta, que implicava arrastar o próprio partido para a oposição a Bolsonaro. O presidente do DEM, Antônio Carlos Magalhães Neto sempre soube que isso não seria viável. E terminou por rifar o amigo de longa data e eminente representante democrata, empurrando-o de vez para a oposição.
Nos dois casos faltou observar uma regra básica da política: terminado o processo eleitoral, vencedores e vencidos devem baixar armas, compor divergências e acertar a convivência em novas bases - os primeiros, com o objetivo de ampliar apoio e governança, e os derrotados, na busca de uma reacomodação em benefício da própria sobrevivência. Nem Maia, nem ACM Neto o fizeram. Ambos saem perdendo: o deputado, que terá de se ajustar às regras e condições de um novo partido, e o comandante do DEM, que terá problemas para reaglutinar a legenda, por exemplo, no Rio de Janeiro.
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