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Conversa de Repórter

Cada louco com a sua mania

Tem dia que a gente reclama de tudo. Mas pergunta se eu trocaria essa minha loucura por qualquer outra profissão?

Conversa de Repórter|LUCAS CARVALHO, do R7 e Lucas Carvalho

Repórter não sabe de nada, mas procura saber ou entender um pouco de tudo
Repórter não sabe de nada, mas procura saber ou entender um pouco de tudo

A rotina é, justamente, não ter rotina. A gente não sabe se vai terminar o dia molhado, suado, sujo ou descalço. Não sabe se vai ter um dia normal ou agitado. Não sabe se vai sorrir ou engolir o choro pra, somente, depois desabar. Nem se vai fazer cara feia, se indignar ou xingar por alguma situação.

A gente não sabe onde vai pisar nem quais riscos vai enfrentar. Se vai ser elogiado, ignorado ou achincalhado por aí. Não sabe se um plantão vai ser puxado ou se a calmaria vai reinar. A gente não tem ideia se vai, ao menos, ter uma boa ideia. Se vai estar inspirado para escrever um texto criativo ou se vai sofrer com um bloqueio mental desesperador.

Não dá pra saber como vai ser o link. Se na hora do ao vivo a mente vai travar. Se alguém vai entrar na frente da câmera pra fazer alguma graça. Se a gente vai se empolgar e falar até cansar. Ou se vai se enrolar todo, gaguejar, se confundir. A gente não sabe se vai acertar, embora seja pra isso que saímos de casa todos os dias. Nunca dá pra saber. A gente só vai lá e faz.

A gente não é capaz nem de saber se vai conseguir beber água na hora da sede. Se vai ao banheiro quando a coisa apertar. Nem quantos cafés vai tomar. A verdade é que repórter não sabe de nada, mas procura saber ou entender um pouco de tudo. Aliás, só tem uma coisa que a gente, realmente, sabe: que estar na rua, conversar, perguntar, ouvir e contar histórias são coisas que movimentam não, apenas, o nosso trabalho. Isso tudo constrói a gente todos os dias.


Se eu tivesse de escolher, de novo, um trabalho, certamente, escolheria o meu. Escolheria fazer o que faço quantas vezes mais fossem necessárias. Tudo bem, nem tudo é um mar de rosas. Às vezes, a gente reclama, sim. Reclama de não conseguir ir a uma festa porque está de plantão. Reclama de ter que escolher entre folgar Natal ou Ano Novo e nunca os dois. Reclama da pauta, dos perrengues, da pressão, do deadline, do horário, do corre-corre, da calmaria. Tem dia que a gente reclama de tudo. Mas pergunta se eu trocaria essa minha loucura por qualquer outra profissão?

Óbvio que não. Cada louco com a sua mania.

A rotina é, justamente, não ter rotina
A rotina é, justamente, não ter rotina

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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