Lucas Carvalho de volta ao 'Conversa de Repórter'
Arquivo PessoalConfesso que as férias do blog duraram bem mais do que o planejado. Já tem, praticamente, um mês que voltei ao trabalho na TV e, desde então, não consegui mais me organizar pra escrever neste espaço.
É que, pelo menos por enquanto, as coisas mudaram pra mim. Depois de três anos como repórter de link do Balanço Geral Manhã, atuando em coberturas ao vivo, agora, faço as reportagens produzidas. O que isso quer dizer? Que as matérias que faço são gravadas e pautadas antecipadamente, sem toda aquela urgência do factual.
Depois das férias, passei uma breve temporada fazendo reportagens pro Fala Brasil e, agora, retorno ao Balanço com essa missão. Não é nada fora do comum. Simplesmente, saí um pouco do que eu estava habituado. Em vez de lidar com a adrenalina do jornalismo ao vivo, preciso me concentrar em contar uma boa história usando recursos de imagem e um texto mais criativo.
A “batida” do ao vivo deixa a gente mais ágil, treina o improviso, a nossa percepção. Já reportagens mais elaboradas, com tempo pra serem produzidas, exigem uma expansão de conhecimento, boa narrativa, texto impactante e recursos que prendam a atenção do público do começo ao fim. Ninguém tem paciência pra ver uma matéria chata, arrastada. É nisso que eu penso, agora, todos os dias.
Além desse novo desafio, saio da madrugada depois de todo esse tempo. Foram três anos fazendo todos os horários possíveis: meia-noite, 1h da manhã, 3h, 3h30... Esse é um dos grandes desafios de um repórter: aprender a lidar com essa falta de rotina. Chega uma hora que o corpo cansa, a mente pede um pouco mais de sossego e a necessidade de experimentar os prazeres de uma vida social ganha força. Mas, no jornalismo e, especialmente, em televisão as coisas mudam muito depressa. Pode ser que daqui a um mês eu esteja em outro horário ou em outro programa. Desafios sempre aparecem e a gente precisa arriscar pra saber se vai ou não dar certo.
Tenho gostado da nova experiência. Aliás, essa semana, mesmo, fiquei muito feliz com a mensagem de um telespectador. Contamos sua dificuldade depois que um ladrão furtou a Fiorino dele. O carro era usado pelo pequeno empresário pra levar e trazer animais pro pet shop da família. Sem o veículo, o trabalho ficou comprometido. A reportagem mostrou, ainda, outros casos semelhantes – provavelmente, crimes cometidos pelo mesmo suspeito – na Zona Sul de São Paulo.
Veja reportagem abaixo
Depois que a matéria foi pro ar, ele gravou um vídeo nas redes sociais agradecendo o nosso trabalho e elogiando, nas palavras dele, "minha dedicação, empenho e carinho" pela profissão. O mais importante veio em seguida: "Que Deus te abençoe". Amém!
Esse é o tipo de mensagem que reforça, pra mim mesmo, que a minha luta faz sentido e que, provavelmente, eu esteja no caminho certo. Jornalismo é isso: justiça, verdade e empatia. Foi nisso que eu sempre acreditei.
Até o momento, não soube se a Fiorino do rapaz foi localizada. Mas o nosso papel de denunciar, mostrar e dar voz a quem, ainda, acredita na imprensa foi feito e, isso, é uma das maiores recompensas para um profissional de comunicação.
Continuemos firmes no propósito, então. O ano está acabando, mas ainda temos 2º turno, Copa do Mundo e muitas histórias da vida real pra contar. E se tem história, tem Conversa de Repórter.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.