Tô voando na Record
Comecei a semana em terra firme e vou terminá-la nas alturas. Pra mim, foi desafiador até porque tenho medo de altura. Isso não chega a me paralisar, mas sempre evitei esse tipo de aventura.
Conversa de Repórter|LUCAS CARVALHO, do R7 e Lucas Carvalho
Não ter rotina é uma das coisas mais fascinantes do meu trabalho. Eu posso até supor como vai ser o meu dia, mas dificilmente ele será igual a qualquer outro. Não ter rotina significa estar sempre em contato com alguma coisa diferente. É conhecer gente nova, ter outras experiências, expandir a realidade.
Eu, mesmo, comecei a semana em terra firme e vou terminá-la nas alturas, literalmente. Ontem, foi a minha estreia a bordo do helicóptero da Record. Pensa no tamanho da responsabilidade. Num jornal, ao vivo e factual, como o Balanço Geral Manhã, ter essa "redação aérea" dá gás, rapidez e agilidade ao jornalismo. Lá de cima, o campo de visão sobre a cidade é infinitamente maior. Dificilmente, alguma coisa escapa das lentes do cop, como a gente costuma chamar a aeronave.
Pra mim, foi desafiador - até porque tenho medo de altura. Não chega a ser um medo que me paralisa. Mas eu, sinceramente, sempre evitei esse tipo de aventura. Montanha-russa ou roda-gigante, por exemplo, nunca foram minhas preferências num parque de diversões. Pra viajar de avião, eu passo dias rezando.
Quando recebi a mensagem do meu chefe, dizendo que seria escalado pra esse desafio, confesso que fiquei apreensivo, receoso. Mas fui. É aquela história: se der medo, vai com medo mesmo. Ali, era uma mistura de responsabilidade com a missão de passar duas horas sobrevoando São Paulo pra narrar os flagrantes.
Só que eu sempre fui movido a desafios. Eu posso até titubear comigo mesmo, mas encaro. E, se você me permite deixar um conselho, anota aí: nunca deixe o medo, a insegurança ou qualquer pensamento limitante te sabotar. Nunca. Sempre acredite que o seu melhor é capaz de superar qualquer dúvida que você tenha sobre você mesmo.
Não estou querendo filosofar, não. Mas vai por mim. Eu amanheci, ontem, ansioso, mas disposto a oferecer meu melhor trabalho. Durante o trajeto até o Helipark, em Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo, pegamos um baita toró. Pensava comigo: "Será que vai dar teto pra voar? Será que é um sinal pra eu não estrear? Será, será, será?".
Quando cheguei, fui muito bem recebido pelo Comandante, Rafael Biazotti, e pelo cinegrafista da aeronave, Thiago Tavares. Ali, eles me explicaram quais eram os procedimentos, como era o trabalho e os detalhezinhos técnicos, que eu não manjava.
Já a bordo, eu estava mais preocupado em dar conta do trabalho do que com a altura. Lá em cima, e mesmo com o tempo chuvoso, eu passei a admirar o "passeio". Entre aspas, mesmo, afinal eu estava trabalhando. Mas isso é o mais legal. Eu só tive aquele privilégio por conta do que eu faço. É gostoso demais trabalhar com o que te motiva. Aquele desafio passou a me dar um gás novo.
Ficamos, mais ou menos, uma hora e meia voando. Já na minha primeira entrada, ao vivo, dei aquela engasgada. Troquei os nomes do Comandante e do cinegrafista. Me corrigi. Ao mesmo tempo que falava, eu me ouvia. É que acontece um atraso no retorno do som que, tecnicamente, a gente chama de delay. Então, pra não me atrapalhar e ser vítima do famoso "sanduíche, iche" eu tinha que narrar o flagrante e, ao mesmo tempo, abaixar o som do monitor. Tudo ao mesmo tempo.
As outras entradas foram melhores. Acostumado ao novo ambiente, já mais familiarizado com a situação, acho que consegui passar bem por mais essa experiência. No fim das contas, eu adorei a oportunidade. Lembra daquele receio do começo? Daquela ansiedade toda? Do friozão na barriga? Aliviou muito. Quase nem existe mais.
O próximo voo, certamente, vai me trazer outro tipo de sensação porque cada dia é único. Cada tarefa exige algo a mais. Dá um baita orgulho quando a gente vê que conseguiu se superar em algo, né? Acho que é uma das melhores sensações da vida quando você percebe que venceu mais dia, mais um medo, mais uma missão. Sei lá se pra outro repórter voar de helicóptero, pela primeira vez, seria a coisa mais normal do mundo. Na verdade, até é. Mas eu me senti muito envolvido com a questão do novo, de ser diferente, totalmente fora do que costumo fazer diariamente.
Mais do que superar as expectativas de quem me confiou essa oportunidade, me sinto realizado por ter conseguido superar as minhas próprias expectativas. Foi legal, emocionante, dinâmico, ousado. Foi mais uma página escrita na carreira que eu escolhi desde o útero da minha mãe.
Veja, abaixo, um resumo dos bastidores do voo!
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