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A democracia como um meio para um fim

Mesmo lento na sua renovação ou apuração, direto ou indireto, o regime nos dá liberdade de escolha, de expressão e de cobrança

Eduardo Olimpio|Do R7

Joe Biden venceu as eleições americanas no último sábado (7)
Joe Biden venceu as eleições americanas no último sábado (7) Joe Biden venceu as eleições americanas no último sábado (7)

Acabamos de assistir a uma verdadeira saga vivida na proclamada maior democracia do planeta, que foi a escolha de Joe Biden como o próximo presidente da grande potência mundial ocidental que, após a eleição de 3 de novembro, hoje encontra-se conturbada, rachada, atônita e cansada. Além de tudo isso, assiste ao questionamento sobre a lisura do pleito, feita pelo atual mandatário Donald Trump, candidato derrotado à reeleição.

Desde a Constituição aprovada lá em 1787, os Estados Unidos da América possuem um método de eleições para a presidência do país que não é único nem novo, mas chama a atenção por parecer, aos menos iniciados na história da formação dos EUA, um paradoxo, já que se trata de um país com eleições livres e sem histórico de rupturas democráticas ou institucionais quando ‘puxamos seus ‘B.Os.’. Talvez esse estranhamento seja produto de confusão feita entre métodos de representatividade, modos de operacionalizar essa vontade popular e a demora que se dá para a obtenção do resultado diante da célere, segura e moderna contagem de votos feitas, por exemplo, no Brasil, com urnas eletrônicas que há mais de 30 anos funcionam sem que, até hoje, de fato alguma denúncia de fraude tenha sido pública e judicialmente comprovada.

Lá, na chamada América, existe um colégio eleitoral que intermedeia a vontade popular do voto unitário, não obrigatório, dado pessoalmente ou por meio do correio federal e candidatos a serem eleitos para presidir a nação, calcado majoritariamente nos delegados dos estados-membros, estes que gozam de grande autonomia em variadas esferas decisórias e áreas, inclusive a política. Na Suíça, outro país com forte e histórico aparado democrático, ocorre algo semelhante com os cantões, que assemelhados aos estados norte americanos também legislam e traçam sua própria maneira de participação popular baseada também em inúmeros referendos. Pessoas juram que de tanto votarem para assuntos diversos, os suíços andam meio desanimados por serem chamados a opinar e escolher sobre quase tudo que impacta suas vidas. Doce ironia essa da liberdade!

Voltando aos EUA, também há outros partidos políticos para além do Republicano e Democrata que abrigam verdes, libertários, socialistas e ainda candidaturas dos independentes, filiados a nenhum partido.

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O interessante aqui é percebermos que a democracia é de fato um sistema que, mesmo imperfeito, satisfaz as necessidades de expressão, de vontades e das próprias demandas. Naturalmente em constante recriação e aprimoramento tocados pela maioria dos países do globo, o regime serve a inúmeros interesses que, quando voltados ao desenvolvimento de uma sociedade, liberta, respeita a individualidade e o coletivo de forma eficaz, assegura pactos, cria uma saudável rotatividade nos cargos políticos dando pluralidade e chances de mudança daquilo que se entende como ineficaz e que pode ser mudado via eleições cíclicas e ininterruptas, proporciona debates, acomoda oposição ou adversidade sem torná-las inimigas do status quo.

Para terminar, lembro que saímos de espectadores de uma eleição que criou tremores das bases democráticas de um grande país para adentrar na semana que antecede a nossa, que escolherá prefeitos e vereadores Brasil afora.

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O que posso desejar e sonhar é que todos tenhamos consciência de quem escolheremos como nossos mandatários e legisladores locais, e evitemos ao máximo dissabores, mesmo que estes sejam inerentes ao processo. E que possamos confiar naquilo que bem fazemos ao teclar os números dos escolhidos, cujas faces ilustram a tela da maquininha de votar. Assim, em poucas horas de uma saga curta e indolor, saberemos com certeza dos reais vencedores.

Só nos falta coibir, prevenir e punir a violência que mata candidatos, colore o asfalto e a terra com o sangue postulante e mutila o processo democrático.

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