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REUNIÃO DO MINISTÉRIO TERMINA MAL

Heródoto Barbeiro|Do R7

Autoritário e centralizador. Estes são as duas principais características do presidente da República. Sua origem militar reforça a ideia que a qualquer momento pode instalar uma ditadura no Brasil. O ministério que governa o país tem opositores de todos os lados. Os jornalistas não arredam pé dos becos do palácio do governo e divulgam notícias com ou sem confirmação. Ajudam a ferver o caldeirão da crise política que se abate sobre o governo e espreitam todos os que entram e saem do prédio para que passem, em off, informações sobre os rumos que o país vai tomar. Há em andamento, paralelamente, uma crise econômica e financeira. As fábricas fecham, investidores perdem seu capital, e os tais empregos prometidos não aparecem. Os críticos põem na conta do presidente toda a pandemia que assola o Brasil e não abre perspectiva para o crescimento econômico ou mesmo distribuição de renda e inclusão da população marginal formada no século anterior. Os debates políticos são cada vez mais acirrados no Congresso Nacional e nas ruas.

O presidente não tem tato político, acusa a oposição nos jornais que circulam na capital da república. Ele quer governar de forma centralista e é refratário às indicações das facções políticas. Há os que insistem em dizer que ele faz no governo o mesmo que sempre fez em sua carreira militar. Não ouve ninguém, diz a oposição. Não está preparado para o cargo, não tem experiência administrativa, nem diálogo com o Congresso Nacional, atacam outros. Desconfia-se que seja partidário de um governo forte, inspirado nos ideais que contaminaram a jovem oficialidade do exército brasileiro e são repetidos pelos seus apoiadores. Os militares divulgam manifestos a favor de um governo nacionalista, centralizador e que possa levar o Brasil a um desenvolvimento econômico e político que não tivera em um século. O presidente é legalmente eleito, tem um mandato de quatro anos e nada pode impedir que continue governando ao menos que sofra um processo de impeachment no Congresso Nacional. Para isso é necessário o povo na rua e pressão em cima dos deputados e senadores. Ninguém acredita que isso possa acontecer.

Os ministros que compõem o governo não se entendem. Há discussões e divergências que beiram um conflito físico entre eles. A ala militar se fortalece com o apoio presidente que quer impor sua vontade em até pequenos atos como a construção de um porto no Rio Grande do Sul. A ala civil em conexão com os partidos no Congresso Nacional votam um projeto que limita os poderes do presidente da república e define o que é um crime de responsabilidade. Daí para um processo de impeachment é apenas um passo. A reação do presidente é imediata. Veta o projeto, mas o senado derruba o veto presidencial. O marechal Deodoro da Fonseca decreta o fechamento do Congresso Nacional e passa a governar como um verdadeiro ditador. É a realização dos anseios de parte da oficialidade militar influenciada pelas teorias políticas europeias no final do século 19. O golpe não se sustenta. A marinha se revolta e um tiro de canhão é disparado contra a casa do presidente da república, sem sucesso. O exército não está coeso ao seu lado. Depois de nove meses do primeiro governo da República dos Estados Unidos do Brasil, Deodoro renuncia à presidência da república. Assume o vice, também um militar, Floriano Peixoto, cognominado o Marechal de Ferro.

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