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Direitos humanos: violação cresce em governo de esquerda e de direita

Vice-presidente da Anistia Internacional analisou para o R7 aspectos do relatório que apontou retrocesso dos direitos humanos no mundo

Nosso Mundo|Eugenio Goussinsky

Sociedades se mobilizam para exigir respeito aos direitos humanos
Sociedades se mobilizam para exigir respeito aos direitos humanos Sociedades se mobilizam para exigir respeito aos direitos humanos

Direitos humanos têm sido um tema sagrado no discurso da Anistia Internacional. Mas não para muitos (para não dizer a maioria) governos espalhados pelo mundo, conforme aponta o mais recente relatório da entidade, divulgado na última semana.

Ao R7, Carolina Jiménez, vice-diretora de Américas da Anistia Internacional, ressaltou que a prática abusiva independe da ideologia, ocorrendo atualmente em países de governos direitistas e de governos de esquerda. Ela inclusive citou a Venezuela como um dos países que mais têm cometido abusos contra opositores, com prisões arbitrárias e repressão a opositores.

— Os direitos humanos têm caráter de universalidade, estão acima de qualquer ideologia política. O que temos visto são líderes populistas, centralizadores, demonizadores de direitos humanos, de várias tendências, não importa a linha política. Eles estão adotando essa retórica, isso é grave, porque fere um conceito básico universal e humanitário.

Mais do que a própria sociedade, são eles que têm a responsabilidade de dar a palavra final nesta relação. Se parte da comunidade exalta a falta de cuidados com os direitos humanos, cabe aos governos regular essa ânsia, de acordo com Carolina.

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— Sem dúvida um discurso governamental, de autoridades como um presidente, que apoiem situações de abuso dos direitos humanos é algo altamente prejudicial. Se uma autoridade relevante envia mensagens de intolerancia, mostrando que o governo pode adotar tais práticas, a sociedade pode se sentir no direito de fazer o mesmo. As pessoas têm o dever de lutar contra isso, mas a obrigação de promover e respeitar os direitos humanos é do Estado.

E isso não está acontecendo pelo mundo. O relatório trouxe a informação de que houve um retrocesso neste tema. Em vários países, as autoridades têm promovido perseguições e repressão àqueles que defendem os direitos humanos. O número de ativistas mortos em 2017 foi de 312, acima dos 281 assassinados por este motivo em 2016. Carolina comenta:

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— Estamos vivendo, em regiões como a América Latina, uma maior intolerância à crítica política. A discordância é algo fundamental na liberdade de expressão, faz parte do respeito aos direitos humanos. Mas algumas autoridades, quando ouvem opiniões distintas da oficial, estão praticando uma restrição dessa liberdade.

No levantamento, a Anistia citou casos praticamente no mundo inteiro, desde na Turquia, com a truculência do governo de Recep Erdogan, até locais onde a violência se expande de maneira indiscriminada, como em Mianmar e na Síria; onde o nacionalismo tem causado conflitos internos, como na Polônia, e onde a pouplação LGBT sofre perseguições, como na Chechênia e no Egito.

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A reação, porém, tem sido intensa, o que demonstra, segundo Carolina, que as sociedades em geral ainda mantêm valores como respeito a minorias e à diversidade. E que cabe a elas continuarem reagindo a esses abusos para que, no futuro, os governos repressores se vejam cada vez mais isolados.

— Tal retrocesso gerou uma maior mobilização dos movimentos sociais, o que mostra que a sociedade está tentando frear esse tipo de fenômeno.

Incluído no relatório, o Brasil foi criticado por criar "200 propostas de novas leis e modificações da legislação existente" que desrespeitam os direitos humanos. Entre as propostas, mereceram destaque a da redução da maioridade penal de 18 anos e projetos para a revogação do estatuto do desarmamento, restrição do já proibido aborto e alterações no sistema de demarcação de terras.

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