"Brasil não tem plano B para a Embaixada dos EUA", diz chanceler
RENATO COSTA /FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
Em entrevista exclusiva nesta terça-feira (20), o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que o governo Bolsonaro não trabalha com a possibilidade de indicar outro nome para a Embaixada do Brasil em Washington. A avaliação do Itamaraty é que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) é a pessoa ideal para estreitar os laços entre o Brasil e os Estados Unidos.
A indicação de Eduardo Bolsonaro precisa ser aprovada pelo Senado.
O chanceler adiantou ainda pontos do discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura na Assembleia Geral da ONU, em 25 de setembro, que tratará, por exemplo, da questão ambiental. Falou sobre a viagem do presidente ao Japão, China e Países árabes, ainda este ano e comentou a portaria que impediu venezuelanos de entrar no Brasil.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
Caso haja a possibilidade da não aprovação do nome de Eduardo Bolsonaro pelo Senado existe outra possibilidade sendo discutida com o presidente?
— A indicação depende basicamente do presidente mas estamos conversando desde o começo do ano da importância de ter um excelente nome para o Embaixada do Brasil em Washington. Chegamos à conclusão de que o melhor nome seria do Eduardo Bolsonaro. Estou convencido disso. Existe a questão política, mas a nossa convicção é que o Eduardo seria um nome extraordinário para elevar a relação com os Estados Unidos ao patamar que a gente precisa. Para conseguir os novos acordos que estão sendo alinhavados.
Então não se trabalha com um plano B dentro do Itamaraty?
— Não, estamos convencidos, claro que depende no Senado. Mas queremos passar essa certeza com base no nosso conhecimento de como funciona o sistema americano e do quão importante é ter alguém que tenha acesso ao presidente americano para concretizar o que a gente precisa. Estamos trabalhando para divulgar essa certeza que é uma excelente solução.
Só há o plano Eduardo para a Embaixada? Para ficar claro...
— Sim exclusivamente esse por ser o perfil exato de quem a gente precisa para Washington.
Como será o discurso do presidente Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU?
— Estamos começando a trabalhar no discurso do presidente e tenho certeza que será a mensagem que todo mundo já conhece, a mensagem de um Brasil que quer ser reapresentar no cenário internacional sem a timidez do passado e sem as vinculações ideológicas do passado, que sente que tem a capacidade de influenciar os destinos do mundo pelo bem, em favor da liberdade e do entendimento. Um País que está se abrindo, na economia, para o mundo, de uma maneira competitiva. Ao mesmo tempo defendendo a sua soberania e os seus valores, sua identidade. Numa concepção de mundo de nações fortes, soberanas.
Na parte ambiental vamos mostrar que o País é comprometido com a proteção do Meio Ambiente, ao contrário das especulações deslocadas e vai ser um momento importante mostrar isso.
O presidente irá para China, Japão e Países árabes. Qual será a agenda?
— Temos nos aproximado muito com o Japão, há afinidade e grandes e oportunidades econômicas e tecnológicas extraordinárias. O presidente quer mostrar isso simbolicamente na entronização no novo imperador japonês. Na China, nosso principal parceiro comercial, tentar aprofundar e diversificar esse comércio. Com países árabes, do golfo, temos conversado muito e estão interessadíssimos em investimentos no Brasil. Todos têm fundos de investimentos bilionários e estão procurando onde investir.
As rusgas com Alemanha e outros países europeus na questão ambiental têm atrapalhado a relação com a União Europeia?
— Não chega a atrapalhar. Há muito discurso para o público interno. Exemplo dentro do Acordo de Paris o Brasil está mais avançado com os seus compromissos e metas do que Alemanha, que não está cumprindo suas metas. Isso tudo se resolve com o diálogo e por parte dos países europeus esperamos que entendam qual é a realidade brasileira, nossos esforços para coibir o desmatamento, nossa legislação com áreas enormes de preservação. Esperamos que esses países construam diálogo conosco.
A portaria conjunta do Ministério da Justiça com Itamaraty impedindo a entrada de pessoas do governo Maduro, da Venezuela. São quantas pessoas e qual o objetivo da portaria?
— Algumas dezenas de pessoas que ao apoiarem ou pertencerem ao regime Maduro mostram que não têm compromisso nenhum com os valores do Brasil e da sociedade brasileira e também queremos mostrar que estamos comprometidos com a recuperação da democracia da Venezuela. Isso também faz parte de uma pressão. Apoiamos o governo legítimo interino de Juan Guaidó. A comunidade internacional precisa mostrar que é capaz de ajudar na transformação urgente sem necessidade de recorrer a nenhuma outra solução.
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