Concessão do Santos Dumont opõe Tarcísio a políticos do RJ; entenda

Avião da Azul em pista do Aeroporto Santos Dumont, no centro do Rio de Janeiro

Vinicius Magalhães

A concessão do Aeroporto Santos Dumont, considerado uma "joia da coroa" pelo ministério da Infraestrutura, está colocando de lados opostos o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e alguns políticos do Rio de Janeiro, incluindo o governador Cláudio Castro (PL), com quem o ministro tem uma reunião nesta quarta-feira (12) para discutir o assunto. Castro é do PL, o mesmo partido do presidente Bolsonaro, legenda que pode abrigar o próprio Tarcísio na disputa eleitoral deste ano. 

Unidos a Castro na cruzada contra a concessão do aeroporto estão ainda o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), e o presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), André Ceciliano (PT). Eles alegam que, com a concessão, o Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, o Galeão, poderá ser prejudicado. Pelos cálculos da pasta de Infraestrutura, a concessão poderá atrair R$ 1,3 bilhão em investimentos no terminal.

Na última sexta-feira (7), Castro disse em suas redes sociais que "o atual edital de concessão do Aeroporto Santos Dumont é uma ameaça ao Rio de Janeiro. Vou a Brasília pedir o auxílio do presidente da República". O governador fluminense adiantou uma ação conjunta com a prefeitura e a Alerj: "Vamos criar uma frente de defesa com a Prefeitura do Rio e outros Poderes. Se for necessário, vamos judicializar a causa". Castro ainda reclamou da falta de diálogo com o ministério: "A medida é necessária, após inúmeras tentativas de diálogo com a pasta da Infraestrutura".

Na segunda-feira (10), a Alerj publicou um decreto que suspende a licença ambiental emitida pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para obras estruturais nas pistas do Aeroporto Santos Dumont. O decreto é visto pelos políticos cariocas como o primeiro passo para barrar o edital. Em dezembro, a Alerj entrou com liminar contra a concessão no Tribunal de Contas da União (TCU), pedindo a suspensão da licitação e a anulação do edital, após julgamento do mérito do caso.