"Casos de corrupção num período pandêmico mostram o quanto nossa sociedade precisa evoluir”, diz Ricas
Arquivo pessoalEugênio Ricas, delegado da Polícia Federal, é o novo chefe da PF no Espírito Santo. O também ex-diretor de Combate ao Crime Organizado, responsável pela Lava Jato, estava como adido em Washington, nos Estados Unidos, desde 2018 e agora volta ao estado onde já foi secretário de Justiça e Controle como superintendente da PF.
Em entrevista ao R7 PLANALTO, o delegado diz que vai priorizar o combate à corrupção e ao tráfico de armas e drogas durante a gestão. Ricas também comentou as recentes operações da PF em relação à corrupção durante a pandemia: “casos de corrupção num período pandêmico mostram o quanto nossa sociedade precisa evoluir”.
Leia abaixo a íntegra da entrevista:
Qual deve ser a prioridade da sua gestão à frente da Superintendência Regional capixaba?
A PF não pode, jamais, se afastar da sua principal vocação, que é o combate à corrupção. Isso precisa sempre ser a prioridade número 1, obviamente, englobando-se os crimes financeiros e lavagem de dinheiro. Em segundo lugar, precisamos estar atentos à criminalidade violenta, que transtorna a vida das pessoas. Precisamos atacar fortemente o tráfico de armas e drogas. Descapitalizar as organizações financeiras e fechar as torneiras do fluxo de armas, principalmente.
O senhor ficou esse período como adido da PF em Washington, nos EUA. Como foi e como isso auxiliará agora como superintendente da PF no Espírito Santo?
O período nos EUA foi sensacional. Construí um network fabuloso e vivi diariamente a cultura do trabalho em conjunto, das forças tarefas, do compartilhamento de informações. Não tenho dúvidas de que este é o melhor caminho para combatermos a criminalidade. As polícias precisam trabalhar com união de propósitos e de forma integrada. Nos EUA isso é muito latente, principalmente após o 11 de setembro. Espero conseguir aplicar isso no ES.
Mas como fazer isso no Brasil em que a segurança tem várias polícias, que muitas vezes não cooperam e têm realidades muito diferentes, até nas carreiras?
Os EUA enfrentam a mesma dificuldade, mas usam muito o sistema de forças tarefas, em que várias agências dividem o mesmo espaço e o mesmo objetivo. Em alguns Estados do Brasil já temos essa iniciativa. No RJ, temos o CCPI que integra polícias de vários paises da América do Sul. Havendo vontade acredito ser possível!
O senhor volta ao Brasil nesse período de pandemia onde em vários estados a PF realizou operações de combate à corrupção. O senhor vê isso como um desafio?
É um desafio para a sociedade e para o progresso do país. Casos de corrupção num período pandêmico mostram o quanto nossa sociedade precisa evoluir. Deveríamos estar vendo exemplos de solidariedade e não de corrupção. No que tange à atuação da PF, não há desafios. Sempre que tivermos notícia de desvios vamos atuar e certamente chegar aos infratores.
Qual fato mais marcante até hoje como delegado da Polícia Federal?
A carreira de Policial Federal é muito dinâmica. Quase impossível apontar um fato nesses 18 anos, pois muitas coisas são marcantes. Ver o reconhecimento da sociedade em razão do trabalho que prestamos talvez seja algo marcante e extremamente gratificante ao mesmo tempo.
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