R7 Planalto Dinheiro da Vale não trará mortos de volta às suas famílias

Dinheiro da Vale não trará mortos de volta às suas famílias

A cada dia imagens e documentos mostram que a empresa orgulhosa de seus resultados financeiros foi negligente com vida de seus funcionários

  • R7 Planalto | Paulo Lima, do R7

Imagens mostram trabalhadores desesperados tentando fugir da morte

Imagens mostram trabalhadores desesperados tentando fugir da morte

Reprodução / TV Bandeirantes

As imagens divulgadas nesta sexta-feira (1º) que mostram o momento exato do estouro da barragem da Vale, em Brumadinho (MG), reforçam a suspeita de que a tragédia não foi um acidente, e sim um homicídio provocado pela negligência da multinacional de mineração.

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A Vale sabia que os rejeitos e a lama poderiam atingir a área administrativa e o refeitório em até um minuto.

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Correm o mundo as cenas de motoristas desesperados tentando fugir das enormes ondas de lama.

O que pensaram aqueles trabalhadores nos milésimos de segundos que antecederam a morte?

Será que conseguiram pensar nas sirenes que não tocaram?

Tiveram tempo de pensar nos filhos, mulheres e nos pais que agora serão tratados como números pela Vale no pagamento de indenizações?

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Por que a Vale, sabendo que eventual rompimento da barragem destruiria a área administrativa, conforme mostrou reportagem do jornal Folha de S.Paulo, nada fez para remover a estrutura do local?

Por que 80% dos 25 instrumentos instalados para medir a profundidade de água dentro da estrutura da barragem de Brumadinho estavam inativos no momento da elaboração de estudo de impacto ambiental), em dezembro?

São apenas algumas das várias questões que surgem neste momento. O impressionante é que testemunhos sobre os problemas na barragem não faltam. São muitos os relatos obtidos pela reportagem do R7. A tragédia já era anunciada.

A Vale apresenta como defesa laudos feitos por uma empresa particular que tiveram funcionários presos. A justificativa é a de que a barragem de Brumadinho era segura, mas até hoje não há resposta convincente sobre o desastre em Mariana, em 2015, quando estourou a barragem da Samarco, mineradora controlada pela multinacional brasileira e a britânica BHP.

A Vale anunciou na última terça-feira (29) que vai eliminar de vez as dez barragens construídas a montante, mesmo método das represas de Mariana e Brumadinho, mas essa decisão ainda não é suficiente. Será que sem conhecer as causas do rompimento das duas barragens será possível evitar novas tragédias?

Ao tomar posse como presidente da Vale em de 2017, Fabio Schvartsman  disse que iria focar sua gestão em quatro pilares: performance, estratégia, governança e sustentabilidade. E também afirmou que seu lema seria: “Mariana nunca mais. Que tenha sido a última vez que essa empresa esteja envolvida direta e indiretamente num desastre ecológico e social da dimensão que foi Mariana. Quero ter junto com vocês o compromisso de ser referência mundial de sustentabilidade”.

A tragédia de Brumadinho, que conta mais de 115 mortos e 248 desaparecidos até o momento, mostra que o lema não foi cumprido.
Não basta anunciar o repasse de R$ 100 mil para as famílias dos funcionários mortos, o pagamento de R$ 4.000 de auxílio funeral e prometer pagar todas as indenizações previstas em lei.

Famílias foram destruídas e a vida nunca mais será a mesma para aqueles que choram seus mortos.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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