Tabata Amaral descumpriu orientação do partido e voto à favor da reforma
Plínio Xavier/Câmara dos DeputadosO PDT não ficou nada feliz com a decisão de Tabata Amaral e de mais sete deputados do partido pelo voto a favor da reforma da Previdência, na última quarta-feira (10). Além da paulista, famosa nas redes sociais e com formação em Harvard, Alex Santana (BA), Flávio Nogueira (PI), Gil Cutrim (MA), Jesus Sérgio (AC), Marlon Santos (RS), Silvia Cristina (RO) e Subtenente Gonzaga (MG) votaram junto aos governistas.
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O presidente do partido, Carlos Lupi, é herdeiro do pensamento trabalhista clássico do fundador da legenda e vê em Leonel Brizola um exemplo a ser seguido. Em entrevista na manhã desta quinta (11), ele afirmou que a deputada segue as orientações do bilionário Jorge Paulo Lemann e não as do partido:
— O que é mais importante, um grupo que tem o Lemann, que é a segunda maior fortuna do Brasil, que dá o direcionamento, ou o partido?
Lemann, que é um dos donos a Ambev e possui um patrimônio estimado em 22,8 milhões de dólares (cerca de R$85,5 bilhões), apoiou algumas candidaturas na última eleição a partir dos movimentos Renova Br e Acredito — também apoiados por grandes nomes na comunicação nacional, como Luciano Huck. Entre os nomes eleitos, estão o de Tabata, além de mais dois deputados federais: Marcelo Calero (PPS-RJ) e Joênia Wapixana (Rede-RR).
Já deputados da legenda que votaram seguindo a orientação pedem que os infieis percam "espaço político" na Casa e dentro da própria legenda. Alguns, como o ex-candidato à presidência, Ciro Gomes, sugerem que os oito deveriam sair do partido:
— Não acho, francamente, que ela tenha mais lugar para ficar no PDT. Acho que ela deveria sair, assim como os outros deputados do partido que votaram a favor da reforma também.
Para dirigentes pedetistas, o vídeo divulgado por Tabata na tarde anterior à votação, em que ela diz que não havia vendido seu voto e que seu vota favorável seguia suas próprias convicções, incentivou outros dissidentes.
Lupi concorda com estas lideranças e afirma que a deputada havia participado da convenção do partido, na qual se fechou questão contra o projeto por unanimidade:
— O que houve foi uma mudança de posição de muita gente depois que esse grupo Renovar BR anunciou que estava fechando posição a favor.
A mudança de postura quanto à expulsão de Tabata, ventilada antes mesmo de o voto se confirmar, tem alguns motivos. O partido ainda a vê como um dos nomes mais fortes para uma possível corrida eleitoral à prefeitura paulistana, além de membros do alto escalão classificarem que "a expulsão seria um prêmio", já que entendem que o voto contrário às orientações do partido tem como objetivo a saída da legenda.
Durante todo o dia, eleitores utilizaram a #TabataTraidora para criticar a postura da deputada, publicando diversas montagens e memes, fazendo piada com "decepção" que a deputada os causou.
Procurado, o PDT, por meio de sua assessoria, informou que o comitê de ética irá se reunir, ainda em data a ser definida, para deliberar sobre qual punição será dada aos oito deputados que descumpriram a orientação do partido. O estatuto do partido prevê sanções de advertência, suspensão e expulsão a filiados para casos semelhantes. Os congressistas poderão apresentar suas defesas e então serão julgados.
O partido avalia que a expulsão não garantiria o mandato à legenda, impactando na sua representação na Câmara e participação no fundo partidário. A avaliação é que há entendimento no Tribunal Superior Eleitoral garantindo ao parlamentar o mandato em caso de expulsão da agremiação.
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