Converse com alguém de esquerda e diga que o desemprego caiu. Batata: a pessoa vai ter uma síncope. E imediatamente entoará que durante os governos petistas tivemos a menor taxa de desocupação da história e a falta de postos de trabalho começou depois do impeachment da Dilma. A sugestão é: sorria para o militante, seja gentil e diga, calmamente: não é verdade.
Sabe-se que os números continuam terríveis para os 11,6 milhões que procuram algum emprego, sem sucesso. Mas o IBGE deixa claro em pesquisa divulgada nesta sexta-feira (31): a população desocupada caiu 7,1% (menos 883 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior e recuou 4,3% (menos 520 mil pessoas) em relação a igual trimestre de 2018.
Os números são ainda mais cruéis se voltamos no tempo: a tragédia das demissões em massa (que transformou em farelo as tais 10 milhões de vagas criadas na era Lula) já dava sinais preocupantes em 2011, mas desembestou em 2014 e 2015 – portanto, com Dilma sentada na cadeira de presidente. Só parou de desatar, a sangria, vejam que coisa mais danadinha, a partir do governo Temer. São fatos, vejam:
É preciso algum grau de maldade para desdenhar de boas notícias apenas por elas não confirmarem sua posição política. Isso serve para todos os lados, de qualquer discussão. É feio. Alguns até estufam o peito para dizer que, sim, torcem contra. Deve dar úlcera tal comportamento, mas paciência: a infelicidade é alheia.
O ano está terminando seu primeiro mês. Logo de cara surgiu o coronavírus para trazer apreensão com os efeitos negativos incontornáveis na economia da China (nossa maior parceira comercial). Não precisamos inventar problemas para o Brasil, já temos muitos. O que não dá mais, já encruou, é usar números torturados por saudosismo ingênuo e pessimismo deliberado. Papinho.