Dessa violência toda que está emergindo do esgoto de nossa sociedade, podemos tirar ao menos um proveito, indireto e doloroso: o País não tem mais como esconder que parcela significativa dos homens brasileiros são selvagens e covardes com as mulheres – e devem ser tratados como criminosos.
O machismo entre nós não é só uma questão cultural, virou caso de polícia e segurança pública. Nenhum cidadão decente pode mais se omitir ou minimizar o fato de que o feminicídio e o abuso precisam ser punidos de forma implacável e exemplar.
O caso do personal trainer que espancou a namorada em Goiânia, infelizmente, não é tão incomum quanto deveria ser e vem juntar-se a dezenas de outros. A cena é revoltante e deixa explícito que a sensação de impunidade autoriza psicopatas a agredir companheiras em locais públicos. As imagens da câmera de um condomínio mostram o homem dando socos, chutes e batendo a cabeça da mulher várias vezes contra o chão. Definitivamente, um covarde.
Desta vez, o agressor se deu mal e talvez tenha a punição que merece. Mas só porque um policial civil testemunhou o crime e tomou providências, imobilizando o criminoso até que a PM chegasse e o levasse preso. Não costuma ser esse o final de cenas abusivas de homens contra mulheres.
A principal responsável por ainda termos que conviver com essa brutalidade é a família. Cabe a pais e mães educar os filhos para que as relações amorosas não se transformem em uma tragédia em que cabe sempre aos homens o papel de vilão. Essa lição tem de ser dada, primeiro, em casa. Pelo visto, faltou família ao brutamontes de Goiânia.