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Filme com sequestro de filha de Moro em troca de Lula é criminoso

É irresponsável ou leviano afirmar, com precipitação, que se trata de bandalheira de fascistas ou "petralhas" — o que cabe à polícia investigar 

R7 Planalto|Marco Antonio Araujo, do R7

Filme é veiculado por canal do YouTube chamado Cactus Intactus, com 42 inscritos
Filme é veiculado por canal do YouTube chamado Cactus Intactus, com 42 inscritos Filme é veiculado por canal do YouTube chamado Cactus Intactus, com 42 inscritos

Quem circula pelo submundo da internet já deve ter ouvido falar de um filme absurdo e indefensável chamado “Operação Lula Livre”. É uma monstruosidade. Sob qualquer ângulo, é do mal. Precisa ser investigado – e alguém tem de ser punido por produzir uma peça de propaganda repugnante que só serve para espalhar ignorância, ódio e violência. Seja quem for.

A obra de ficção é assinada por um canal do YouTube chamado Cactus Intactus. Na quarta-feira, 4, tinha 42 inscritos. Trata-se, portanto, de um endereço criado especialmente para veicular a aberração. O acabamento (drones, locações, cenários, iluminação, atores preparados) permite deduzir que tudo foi planejado durante semanas ou meses e houve dinheiro disponível atípico para que seja apenas uma manifestação espontânea de um bando de aloprados.

Não, é coisa de profissionais. 

Sem levantar demais a bola de terroristas virtuais, o roteiro pode ser resumido como a história de um grupo de “subversivos” que sequestra a filha de um famoso juiz ("Sergio Mauro", quanta sutileza!). Como resgate, exigem a libertação de um condenado (quem será, já que na parede do cativeiro está pendurada uma bandeira com a inscrição "Lula Livre"?). É de doer a manipulação canhestra e a absoluta falta de graça ou espírito satírico na empreitada. Só cai nessa quem quer.

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Já há sites e páginas apressados em dizer que o Cactus é um canal de esquerda. Calma lá. Quer dizer que é um canal de direita? Calma lá, de novo. Ainda não dá para saber. É irresponsável e leviano cravar, de forma precipitada, que se trata de bandalheira de fascistas ou petralhas. Para isso, é preciso que a polícia investigue e identifique os autores.

Se forem de esquerda, são muito burros. Ninguém vai simpatizar com a causa de guerrilheiros babacas que ameaçam a vida de uma menina – ainda mais com uma palavra de ordem tão desgastada e tardia quanto Lula Livre. Convenhamos, merecem ser punidos. Se forem de direita, se acham muito espertos. Mas não são. É muito manjada essa tática de contrapropaganda, de se passar pelo inimigo para expô-lo à execração. Também merecem ser punidos.

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Seja o que for, e de quem for, é deplorável. Não devemos gastar nem nossa empatia nem nosso desprezo. É suficiente nosso sereno e inegociável espírito de justiça. Chega de imundície e mentira. Basta aos que querem escarnecer da opinião pública – como se nossa gente fosse incapaz de se indignar por ser tratada como estúpida. Já estamos vacinados contra polarizações artificiais, falsos herois e vilões.

O que é nocivo não pode mais passar despercebido. A democraica mora nos detalhes. Qualquer que seja a motivação de "Operação Lula Livre", seus autores têm de responder por isso. Canalhas.

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