O que a CPI da Covid busca no novo depoimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga
Adriano Machado/ REUTERS 06.05.2021Os senadores que compõe a CPI da Covid já sinalizaram, tanto em declarações públicas quanto ao R7 Planalto, os pontos que pretendem abordar no novo depoimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, marcado para a próxima terça (8). O titular já prestou depoimento à CPI em 6 de maio. Na ocasião, evitou responder sobre alguns temas, como o uso da cloroquina contra a covid-19, tratamento precoce e declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia.
A maioria da CPI, entre os integrantes titulares, é formada por senadores independentes ou de oposição, o chamado G7. Eles e os demais membros da comissão querem novos esclarecimentos sobre os seguintes tópicos:
Evento político de Bolsonaro sem máscara e sem distanciamento
Em 23 de maio, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez um passeio de moto pelo Rio de Janeiro. Sem máscara, ele foi seguido por milhares de motociclistas. No fim do passeio, o presidente subiu em um carro de som ao lado do ex-ministro Eduardo Pazuello, atuais ministros e parlamentares da base no Monumento aos Pracinhas, no Aterro do Flamengo. Eles discursaram para milhares de apoiadores e todos estavam muito próximos e sem máscara.
O evento político foi a principal motivação da reconvocação do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Os senadores querem saber porque o presidente da República contraria as recomendações do Ministério da Saúde de combate à pandemia, como distanciamento social e uso de máscara. O relator Renan Calheiros (MDB-AL) chegou a falar em "jogo macabro de Bolsonaro do qual o ministro Queiroga se torna cúmplice porque se omite diante do morticínio".
O motivo da não efetivação da infectologista Luana Araújo no ministério da Saúde
Durante o depoimento da médica infectologista Luana Araújo, nesta quarta-feira (2) à CPI, os senadores questionaram várias vezes sobre o motivo de sua nomeação não ter saído, e ela disse que não foi informada. Os senadores mencionaram, então, que questionariam o ministro da Saúde sobre os motivos. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) disse em sua fala que iria encaminhar um ofício para estes esclarecimentos.
A realização da Copa América
Desde que o presidente Bolsonaro anunciou que o Brasil sediaria a Copa América, os senadores fizeram críticas públicas à realização do torneio. Renan Calheiros fez um apelo a Neymar para não entrar em campo e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que o governo federal demorou meses para responder à Pfizer e ao Butantan sobre ofertas de vacinas, mas horas à Comenbol para a realização do torneio.
O fato de a Conitec não ter se manifestado ainda sobre uso de cloroquina no tratamento da covid-19
Durante o depoimento da dra. Luana Araújo, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), mencionou a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS) e disse que era importante questionar o ministro sobre o fato de a comissão não ter emitido nota técnica sobre a ineficácia da cloroquina no tratamento da covid-19.
As ações de publicidade do governo sobre a covid-19
Membros da CPI já falaram que querem mais respostas sobre as ações de publicidade sobre a covid-19, especialmente para orientação da população sobre uso de máscaras, higiene das mãos e distanciamento social, além da campanha de vacinação.
A posição do ministério sobre os decretos estaduais
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), que não é membro da CPI, mas acompanha as discussões e representa a bancada feminina (as senadoras fazem rodízio), citou questões que devem ser levadas ao ministro Queiroga. Além de algumas já citadas, como a avaliação sobre tratamento precoce, a decisão do Brasil sediar a Copa América, a secretaria que seria comandada pela Dra. Luana, a senadora incluiu questionamentos sobre o posicionamento do ministro a respeito dos decretos estaduais, sobre a vacinação, e sobre as manifestações da população.
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