Em um curto intervalo de tempo, vieram a público dois casos de crimes hediondos cometidos por seguranças de supermercados: a do menor morador de rua chicoteado, nu, no Ricoy da Vila Joaniza e a do homem amordaçado e torturado no Extra do Morumbi, ambos em São Paulo. Coisa de bárbaros.
É do conhecimento até do mundo mineral o modo de atuação dessas milícias contratadas pelo comércio varejista. Mas elas servem para que mesmo? Garantir a integridade física e patrimonial dos clientes, certamente, não é. Muito menos substituir a Polícia Militar em sua tarefa de zelar pela segurança pública – até porque seria ilegal.
Pelo visto, donos de empresa de vigilância oferecem em seu cardápio os serviços de capangas para mafiosos e jagunços para senhores de engenho. Difícil é acreditar que algum empresário contrate esses, hum, profissionais sem saber do que são capazes, os capatazes. Ou fazem vistas grossas ou aprovam em silêncio. Qualquer outra alternativa depende de nossa ingenuidade, tolerância ou burrice.
Sempre haverá os que acham aceitável pessoas (ok, pés-de-chinelo que furtam comida) serem tratadas como animais ou escravos fujões. Esquecem que a civilização, as leis e instituições foram criadas e são mantidas para que seres humanos não se comportem como gorilas e orangotangos (embora não se tenha notícia de primatas que sintam prazer em humilhar, causar e estender a dor de semelhantes).
É intolerável que esse comportamento sádico e rigorosamente criminoso faça parte da cultura organizacional de grandes redes ou mesmo pequenos comerciantes. Isso é coisa de bandido, de psicopatas, de gente doente.
E pouquíssimos brasileiros aceitam esse abuso, essa violência, esse comportamento sanguinário. Alguem foi pego furtando? Simples: preservem as provas e chamem a polícia. Mais nada. Simples, não?