Recentemente, a jornalista Bari Weiss, que pediu demissão em julho do jornal The New York Times, revelou que a “cultura do cancelamento” levará as pessoas à uma grande radicalização.
Weiss era editora de opinião do jornal e afirma que não teve liberdade. Ela havia sido contratada para diversificar pensamentos ideológicos oferecidos aos leitores. Mas, por ser considerada liberal, disse que notou que seria impossível continuar seu trabalho porque colegas a intimidavam e ofendiam por defender valores de direita.
Infelizmente, vivemos tempos difíceis, onde a “opinião da maioria” é vista como a única e exclusiva verdade. Não percebo a oportunidade do diálogo, da troca.
E isso vai desde conversas entre familiares até linhas editoriais seguidas por veículos de imprensa.
Após pedir demissão, jornalista alegou bullying por críticas à esquerda
Reprodução NYT
A verdade é que hoje em dia se você falar ou fazer algo que não é aceito corre um grande risco de ser cancelado.
O que é esse movimento?
A "cultura do cancelamento" é uma maneira que as pessoas usam para chamar atenção para o que consideram ser causas de justiça social e ambiental.
Este movimento se destaca na internet e funciona da seguinte forma: se um usuário presencia um ato que considera ofensivo, tira fotos ou filma para, depois, postar em suas redes e marcar a conta da empresa ou da pessoa denunciada.
Normalmente, esse tipo de denúncia viraliza rapidamente. E aí, nesse cenário, obviamente, se perde o controle do conteúdo divulgado.
O ato de cancelar ganhou fama recentemente, mas a verdade é que já existe há muito tempo. Você deve se lembrar do caso que ficou mundialmente conhecido como “Escola Base” onde, em 1994, os donos de uma escola de classe média alta, localizada em um bairro nobre da cidade de São Paulo, um casal de pais e um motorista do transporte escolar foram acusados por duas mães de abusar sexualmente de crianças.
Sem qualquer prova ou chance de defesa, o Jornal Nacional, da Rede Globo, expôs as acusações, e não mostrou a versão dos acusados. Na sequência, outros veículos de imprensa também se precipitaram e julgaram os suspeitos, os culpabilizando sem qualquer veredicto. Tal atitude resultou em saques ao colégio, depredação de suas casas, danos morais e ameaças de linchamento e de morte. Tempos depois, sem provas, o inquérito foi arquivado e os acusados inocentados. Mas, como você acha que ficou a vida deles dali em diante? Eles foram cancelados sem chance de defesa.
Caso Escola Base prova que a cultura do cancelamento sempre existiu
Reprodução
Uma falha sem volta. Contudo, um equívoco que parece que não foi aprendido, uma vez que muitos veículos e pessoas nas redes sociais seguem divulgando apenas um lado da história. Está mais fácil do que nunca manchar a imagem de alguém, por qualquer coisa.
Tanto que, agora, há quem diga que não é mais uma questão de “se a pessoa vai ser cancelada”, mas de “quando ela será cancelada”.
É preciso agir com bom senso
Acredito que denunciar atitudes erradas é essencial, mas é preciso responsabilidade para isso.
Porque, o problema maior se dá quando há irresponsabilidade ou má intenção na divulgação dessas denúncias. As fake news são um exemplo claro desse propósito macabro de prejudicar algo ou alguém. Mesmo quando compartilhadas “sem má intenção” ou “por desconhecimento”, geram muitos problemas, pois nem sempre há como explicar ou resolver a mentira e o estrago causados.
Já presenciei pessoas serem canceladas por bobagens, por edições mal-intencionadas de sua fala, notícias falsas, e por aí vai.
Você já parou para pensar se você fosse uma pessoa pública e alguém filmasse você em um dia que você acordou com mau humor, ou então, falou algo com alguém de forma ríspida e divulgasse o conteúdo na internet? Porque todos nós temos dias bons e ruins e falhamos. Mas, por causa dessa divulgação você, com certeza, sofreria um linchamento virtual e seria cancelado.
Por isso, é preciso ter cautela. Estamos numa época que pensar diferente do outro soa como ofensa. Só que o curioso é que ao mesmo tempo que um lado tenta promover que “somos todos iguais”, “o amor sempre vence” etc, muitos que dizem defender isso não agem assim, na prática.
Então, pergunto: A luta ideológica em nosso país só é válida para um lado?
Fica a reflexão e o alerta para você que tem se permitido ser influenciado. Não saia compartilhando por aí informações rasas, entenda antes, leia, se informe, para não ser mais uma pessoa manipulada em nossa sociedade.
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