Em noite fria de SP, Peter Hook lota casa de shows e mostra legado do New Order e Joy Division
Baixista, um dos mais famosos do rock, trouxe climão anos 80 para a capital paulista
Tem pouca gente no mundo que conseguiu participar de duas bandas de sucesso e que mantêm um legado importante. Uma dessas pessoas é, sem dúvida, Peter Hook, ex-baixista do New Order e Joy Division, que fez show em São Paulo na noite desta terça-feira (27). O outro que conseguiu o feito é Dave Grohl, do Foo Fighters, mas isso é outra história.
Hook faz atualmente uma turnê mundial e a capital paulista foi a única parada do músico em sua passagem pela América do Sul. Sorte de quem foi à Audio, porque pode ver o baixista tocar com sua banda, a Light, clássicos insuperáveis tanto do New Order quanto do Joy Division.
A primeira parte do show é totalmente dedicada à sua banda mais conhecida, da qual se separou pela última vez em 2007. E, apesar de ser muito conhecido por tocar contrabaixo, Hook começou a apresentação na guitarra. A primeira da noite foi Dreams Never End e seguiu com Procession e Cries and Whispers. O povo que acompanhava de perto o músico já começou a cantar junto neste início e a participação dos fãs só aumentaria daí em diante.
Na quarta canção, Peter trocou de instrumento e foi para o baixo, que é o onde todo mundo queria vê-lo. Seu jeito de tocar e o som que sai do seu contrabaixo viraram marcas registradas do New Order e são elementos lembrados até hoje. Tanto é que a banda, que ainda existe e virá ao Brasil em novembro, sente muito a falta deste seu ex-integrante.
A quarta canção da lista foi What DoYou Want From Me?, que é do Monaco, uma terceira banda de Hook que existiu paralelamente ao New Order em meados dos anos 90. Com refrão fácil e pegajoso, fez os fãs cantarem junto.
Depois foi a vez de Ceremony, única música gravada pelo Joy Division e New Order. Quer dizer, é uma preciosidade muito legal de se ouvir ao vivo.
Nesse momento o climão de anos 80 já estava instalado e mesmo com Hook não sendo um grande cantor, a diversão estava rolando. Com uma produção simples, sem um grande esquema de luzes, nada de vídeos descolados ou telões, Peter e sua banda faziam tudo da maneira mais básica possível. Ninguém reclamava.
E a coisa melhorou muito à medida em que os hits do New Order foram aparecendo. Vieram Blue Monday, Thieves Like Us,The Perfect Kiss, State of the Nation, Bizarre Love Triangle e aí ninguém mais se segurou. Era todo mundo cantando junto, dando aquela forcinha para Hook.
Fim da primeira parte do show. Pausa de 15 minutos.
A segunda metade da apresentação é toda dedicada ao Joy Division, banda da qual Hook fez parte junto de Bernard Sumner, Stephen Morris e Ian Curtis. Curtis é o lendário vocalista do grupo que se matou em 1980, quando o Joy estava começando a fazer sucesso. Depois desta tragédia, os três remanescentes arregimentaram a tecladista Gillian Gilbert e assim nasceu o New Order.
Com as músicas da primeira banda de Hook, o clima ficou um pouco mais introspectivo, sombrio e com a voz de Peter se encaixando melhor. She’s Lost Control, Dead Souls e Atmosphere fizeram a alegria (ou seria tristeza?) dos seguidores de Curtis.
Foram 16 canções do Joy Division e o encerramento da apresentação só poderia vir com Love Will Tear Us Apart, a mais famosa música do grupo inglês e a que melhor traduz o que foi Ian Curtis.
No fim das contas, Peter Hook deu aos fãs algo que não poderia com o New Order. Quem se aventurou na noite fria de São Paulo teve o melhor de dois mundos, presentes vindos diretamente deste baixista que marcou a música pop nestes últimos 45 anos de atividade.
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