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O intestino é o cérebro de baixo (sim, você leu certo!)

Saiba como o intestino influencia nosso humor e saúde, e ainda vai conferir dicas valiosas de um especialista para manter esse órgão cheio de neurônios em perfeita harmonia!

Todos os Blogs|Thais AngelucciOpens in new window

O intestino é o nosso segundo cérebro Imagem criada por IA via Dall-e

Ah, o intestino! Esse órgão subestimado, coadjuvante silencioso das nossas aventuras gastronômicas e que, de repente, resolveu aparecer no palco como “o segundo cérebro”. E, olha, não é exagero. Seu intestino é tão esperto que, se pudesse, ele seria aquele aluno que passa cola na prova de biologia.

Enquanto a gente acha que tudo acontece na cabeça, lá está ele, no comando de uma boa parte das nossas emoções, do nosso humor e, claro, da nossa digestão (porque, né, ele tem que fazer jus ao nome). O intestino tem tanta responsabilidade que, na verdade, a barriga que você tem não é por culpa da pizza extra, é que seu cérebro de baixo tá ali, pensando em alguma coisa (só que na forma de gases!).

Por que ele é o “segundo cérebro”?

Simples: enquanto você está aqui, filosofando sobre a vida, o intestino está lá, filosofando também, mas sobre o que fazer com aquele hambúrguer triplo que você devorou na sexta-feira à noite. Ele é multitarefa. Cientistas descobriram que esse órgão tem seu próprio sistema nervoso, a tal “rede entérica”, com mais de 500 milhões de neurônios (quem diria, hein?!). Ou seja, se você já ouviu aquele papo de “escute o seu corpo”, na verdade, o recado era: “escute o seu intestino”.

E ele adora falar. Sabe aquele frio na barriga antes de uma apresentação? Ou aquele “gut feeling” que te fez evitar algo ruim? Pois é, isso é ele tentando te dar conselhos! O intestino e o cérebro trabalham em sintonia, mas às vezes o “de cima” ignora o “de baixo”, e o que acontece? Estresse, má digestão e aquele mau humor que nem uma comédia consegue resolver. Aí, quem paga o pato somos todos nós.


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Por que o intestino é considerado o “segundo cérebro”?


A rede nervosa do nosso intestino conta com uma extensão tão grande de neurônios e neurotransmissores, sendo o segundo órgão com maior número depois do cérebro.

O intestino tem a capacidade de atuar de maneira autônoma, independentemente do sistema nervo o central, nossa função digestiva é controlada pelo sistema nervoso entérico e se comunica com o sistema nervoso central pelos sistemas simpático e parassimpático.


Graças a essa complexa rede de neurônios e neurotransmissores, os cientistas consideram o intestino um “segundo cérebro”.

O que faz com que o intestino tenha tanta influência nas nossas emoções e saúde mental?

O nosso intestino, embora funcione de maneira autônoma, possui uma grande conexão com o cérebro. Vale dizer que o processo de digestão não começa no intestino, mas se inicia no próprio cérebro. O simples fato de pensarmos no nosso prato favorito ou de sentir o cheiro de um alimento gostoso já prepara nosso corpo para o processo de digestão. Enzimas começam a ser liberadas na própria boca através da saliva dando a famosa sensação de “água na boca”. Simultaneamente, todo nosso trato gastrointestinal se prepara para receber o alimento.

Além dessa interligação, o intestino produz neurotransmissores que regulam seu funcionamento e possuem relação com o bem-estar. Por exemplo, grande parte da serotonina, um hormônio importante no organismo para a sensação de bem-estar, é encontrada no intestino e influencia diretamente nos movimentos de peristalse, por exemplo.

Além disso, os hormônios que são secretados no nosso corpo em situações de ansiedade e estresse também influenciam diretamente na digestão. Desse modo vale dizer que há uma profunda relação de causa e efeito do nosso intestino no cérebro e vice-versa. Se nossa saúde mental está bem, há influências boas na digestão.

Se algo não vai bem com o intestino, nosso humor pode ser alterado. Como exemplo disso podemos citar algumas doenças, como a popular “gastrite nervosa”, um termo equivocado, pois não é o estômago que fica “nervoso”, mas que explica como a ansiedade e o estresse influenciam diretamente na nossa digestão. Ao mesmo tempo vale dizer a importância do bem-estar e hábitos saudáveis influenciando na saúde intestinal. Hábitos como a atividade física regular impactam diretamente na saúde geral do intestino.

Como o intestino afeta diretamente o nosso humor e bem-estar?

A saúde intestinal está diretamente ligada ao nosso humor e bem-estar. O próprio termo que os antigos usavam, “enfezado”, era usado para definir alguém que está nervoso ou irritado, quer na prática dizer “cheio de fezes” e é muito assertivo em inferir que, quando algo não está bem no nosso intestino, obviamente será refletido no nosso bem-estar.

Isso não ocorre apenas pelos sintomas de má digestão, mas também pela profunda relação entre o intestino e o cérebro. O desequilíbrio provocado por problemas intestinais leva a alterações na liberação de neurotransmissores que tem ação direta na sensação de prazer e bem-estar, a alteração da flora e microbiota intestinal impacta diretamente no equilíbrio das funções orgânicas e a homeostase, mantendo inclusive as funções de proteção, regulação, absorção de nutrientes e ação imunológica do nosso intestino. Ou seja, um intestino que não é saudável, certamente o bem-estar é impactado negativamente.

Existe uma ligação comprovada entre o funcionamento intestinal e a ansiedade ou depressão?

Sem sombra de dúvidas! Já é comprovada a relação entre o funcionamento intestinal adequado e o controle de doenças como a ansiedade e depressão. Como falamos o intestino saudável é responsável pela regulação e produção de neurotransmissores importantes na sensação de bem-estar.

Além disso, o intestino tem conhecidas ações imunológicas que influenciam no surgimento de doenças. Um intestino saudável implica em uma mente saudável. O contrário também é verdadeiro. Sabemos que algumas disfunções nervosas também influenciam na saúde intestinal, fazendo com que o equilíbrio entre a saúde da mente e do intestino estejam completamente interligadas e interdependentes, sendo que quando há um desequilíbrio emocional haja consequências no intestino e vice-versa.

Como exemplo disso temos a síndrome do intestino irritável, uma condição funcional em que o desconforto abdominal, alterações no hábito de defecação, nas fezes podem estar associados com sintomas de cansaço, irritabilidade e fadiga, onde o tratamento do estresse, ansiedade e da depressão são tão importantes quanto o tratamento dos hábitos alimentares.

Quais os principais sinais de que o intestino não está funcionando bem?

Quando o intestino não está funcionando bem nós logo sabemos. Alterações de apetite, inchaço abdominal, alterações na característica das fezes bem como a frequência das evacuações, aumento da flatulência, sensação de urgência para evacuar ou sensação de evacuação incompleta são alguns dos sintomas que mostram que algo não está indo bem com a saúde intestinal.

Quando devemos nos preocupar com alterações no funcionamento do intestino?

A grande maioria da população em alguma fase da vida vai experimentar alguma alteração do funcionamento do intestino, mas nem sempre isso é sinal para preocupação. O que chama a atenção para sinais de alarme são as alterações como dores importantes, diarreia prolongada ou com a presença de sangue ou muco (espuma) nas fezes, emagrecimento rápido são sinais de que algo pode estar errado e uma visita a um profissional deva ser realizada com brevidade.

Como o estresse afeta o intestino?

Qualquer tipo de estresse, o físico, causado por uma doença, cirurgia etc, ou o estresse psicológico faz com que haja um desequilíbrio em alguns neurotransmissores e hormônios. Esse desequilíbrio leva ao funcionamento inadequado do intestino.

Quais são os alimentos mais indicados para manter a saúde intestinal em dia?

Os alimentos saudáveis como alimentos ricos em fibras, vegetais e antioxidantes são essenciais para a manutenção do equilíbrio intestinal. Se associados a uma hidratação adequada e atividades físicas regulares, contribuímos para o bom funcionamento do intestino.

Existem alimentos que devemos evitar completamente para proteger o intestino?

Já manter uma dieta rica em ultraprocessados, açúcares, ricos em gorduras e além disso associarmos a baixa ingestão de líquidos, sedentarismo e hábitos ruins como a grande ingestão de álcool e tabaco, estaremos expondo nosso intestino a substâncias que contribuem diretamente para o seu funcionamento inadequado.

O uso de probióticos e prebióticos realmente ajuda a melhorar a saúde do intestino? Qual é a diferença entre eles e como consumir?

Primeiramente precisamos explicar o que são probióticos e prebióticos e suas diferenças. Os probióticos são basicamente micro-organismos vivos que podem auxiliar no equilíbrio da flora intestinal e manter a saúde do intestino. Já os prebióticos são basicamente substâncias que servem como alimento para os micro-organismos que já vivem no nosso trato intestinal, estimulando portanto o crescimento dessas bactérias, melhorando sua função. Ou seja, embora ambos possam contribuir com o equilíbrio do nosso intestino, os probióticos e prebióticos são entidades diferentes, mas se complementam para auxiliar na manutenção da saúde intestinal.

Normalmente em uma dieta saudável, uma pessoa já faz a ingestão adequada de probióticos e prebióticos. Os probióticos, por serem micro-organismos, são mais encontrados em alimentos fermentados como alguns iogurtes, kefir, e alguns tipos de queijos. Já os prebióticos, que são as substâncias que podem servir de “alimentos” para nossa flora, são encontrados em algumas frutas, alho e leguminosas.

Colega, clique aqui para saber mais sobre probióticos e prebióticos. Você vai adorar a coluna da Renata Garofano.

Qual a relação entre o intestino e o sistema imunológico? É verdade que grande parte da nossa imunidade vem do intestino?

O nosso intestino tem uma profunda relação com o sistema imunológico. Não apenas pensando na absorção de nutrientes que nos mantém fortes e saudáveis, mas pelo fato de o intestino ser considerado nosso maior órgão imunológico. A grande maioria das células de defesa do nosso corpo está no intestino.

Além disso, a luz intestinal funciona como uma barreira biológica impedindo que vírus, bactérias e fungos entrem no nosso corpo atingindo a corrente sanguínea provocando doenças. A microbiota desempenha também um papel fundamental nessa função de defesa, onde seu desequilíbrio permite com que essa barreira se torne mais frágil, permitindo que doenças se instalem no nosso corpo.

O que podemos fazer para evitar o famoso intestino preso? Existem hábitos que podem ajudar a melhorar a regularidade intestinal?

O famoso “intestino preso” pode ter várias causas, como hábitos de vida como sedentarismo, dieta pobre em fibras ou pouca ingestão de água, grande ingestão de alimentos processados, estresse não controlado, ansiedade e depressão. Algumas mudanças de hábito e rotina como viagens também impactam com frequência deixando o intestino mais preso.

É importante dizer que algumas doenças podem cursar com prisão de ventre, como doenças de tireoide, alguns tumores, doenças neurológicas ou do metabolismo, sequelas de AVC, etc. Além disso, sabemos que alguns medicamentos podem causar ressecamento, como alguns antiácidos, alguns antidepressivos e anticonvulsivantes, além de algumas classes de analgésicos.

Como já foi dito anteriormente, a regularidade intestinal é um reflexo da nossa saúde. Bons hábitos alimentares, rotinas saudáveis com atividade física e controle do estresse, ansiedade e depressão são fundamentais.

Hábitos como o consumo de álcool e o uso excessivo de medicamentos afetam o intestino? Qual é o problema a longo prazo?

Hábitos nocivos influenciam na dificuldade de manutenção do equilíbrio da função intestinal. O consumo de álcool, cigarro e alimentos processados causam um desequilíbrio na microbiota intestinal além de alterações vasculares e neurológicas do intestino, principalmente pelo cigarro. Tais alterações podem levar ao mal funcionamento do intestino, reduzindo sua capacidade imunológica, de absorção de nutrientes e de função evacuatória as vezes de maneira irreversível.

Como o intestino pode influenciar no controle do peso? Existem evidências de que a saúde intestinal interfere no metabolismo e no acúmulo de gordura?

O intestino tem como uma das funções a absorção dos nutrientes que ingerimos em nossa alimentação. Desse modo uma ingestão em alimentos de valor nutricional pobre e inadequado pode auxiliar no ganho de peso inadequado. Vamos lembrar também que a saúde intestinal está relacionada com a saúde emocional. O descontrole do estresse, depressão e ansiedade geralmente estão associados hábitos alimentares errados, que também contribuem para o aumento do peso.

Qual a importância da hidratação para o intestino? O que acontece com a falta de água para esse órgão?

A hidratação é fundamental para o bom funcionamento do corpo humano e obviamente para o bom funcionamento do intestino. A água além de ser um meio de diluição dos nutrientes, auxilia na produção de enzimas digestivas e facilita o rolamento das fezes pela luz intestinal. A baixa ingestão de água faz com que as fezes fiquem mais secas, favorecendo a prisão de ventre pela lentidão da peristalse do intestino.

Fala-se muito sobre inflamação de intestino. Quais alimentos e hábitos causam mais esse tipo de inflamação?

Realmente fala-se muito de inflamação do intestino, mas muito de maneira equivocada. A inflamação do intestino é um processo patológico, uma doença, que pode ter várias causas como a ingestão de alimentos contaminados por bactérias, vírus ou toxinas, mas também ser em decorrência de doenças do próprio intestino como a Retocolite Ulcerativa ou Doença de Crohn, além de algumas medicações.

As manifestações desses processos inflamatórios são geralmente agressivos e costumam dar sintomas importantes como dores abdominais de forte intensidade, associadas a diarreia por vezes com sangue e muco de duração as vezes superior a duas semanas, febre, vômitos e desidratação. Infelizmente vemos o uso inadequado do termo “inflamação intestinal” sendo aplicado para se referir a ingestão de alimentos que não são saudáveis. Isso não é correto, pois não implica no fato de ingerirmos um alimento que não é nutricionamente saudável, que necessariamente vá acarretar em um processo inflamatório no intestino. A inflamação é um processo bioquimico de defesa do organismo, bem estabelecido e mediado por marcadores e células do sistema imunológico.

Mesmo eu não tendo intolerância ao glúten, é melhor evitá-lo?

A intolerância ao glúten, que é uma proteína encontrada no trigo, centeio e cevada é uma condição conhecida como doença celíaca. Sua manifestação pode incluir dor abdominal, sensação de inchaço, diarreia, cansaço e pode ter manifestações extra intestinais como algumas manifestações na pele. É uma condição em que o tratamento é evitar o consumo de alimentos que contenham glúten. No entanto esse tratamento só faz sentido se a pessoa POSSUA a sensibilidade ao glúten. Uma pessoa que é portadora de doença celíaca não vai ter os sintomas da doença, portanto, não terá benefícios de tirar o glúten da dieta.

É verdade que se o intestino não está funcionando direito ele prejudica a absorção das vitaminas? Como resolver esse problema?

Primeiramente é importante dizer que nosso corpo não tem a capacidade de armazenar todas as vitaminas. Algumas vitaminas como a vitamina A, K e D podem ser armazenadas no fígado por exemplo. No entanto, outras vitaminas como a vitamina C e as do complexo B não podem ser armazenadas, devendo ser consumidas regularmente através de uma dieta saudável.

O funcionamento inadequado do intestino pode influenciar na absorção de algumas vitaminas, mas isso ocorre normalmente graças a condições bastante graves como às síndromes de má absorção intestinal, onde a capacidade de absorção do intestino está prejudicada, levando a diminuição de absorção de alguns nutrientes não apenas as vitaminas.

Normalmente a falta de vitaminas no nosso corpo ocorre na maioria das vezes por uma dieta inadequada e restrita, que não fornece a quantidade necessária de vitaminas para o nosso organismo. No entanto existem algumas doenças que podem levar a hipovitamonoses, que incluem doenças dos rins e fígado, além de doenças inflamatórias do próprio intestino. Desse modo para resolver esse problema precisamos tratar a causa adequada. No caso das doenças crônicas realizarem o seu tratamento correto e no caso da baixa de vitaminas pela dieta equivocada realizar o aporte nutricional adequado para cada organismo.

Cuide bem do seu cérebro de baixo!

Se o intestino pudesse escrever um diário, ele começaria com: “Querido diário, hoje tomei um suco detox e finalmente me senti amado”. Porque o que ele quer mesmo é ser bem tratado: fibras, água, alimentos que promovem saúde. Mas o que a gente faz? Cerveja, fritura e um monte de estresse pra acompanhar. Ele fica bravo, revoltado e resolve se expressar da única maneira que conhece: cólicas, gases e aquele desejo incontrolável de te mandar para o banheiro nos momentos mais inoportunos (como no meio de uma reunião importante).

Então, da próxima vez que você estiver com a cabeça a mil, tentando resolver tudo ao mesmo tempo, lembre-se: seu cérebro de cima até pode ser o chefe, mas quem manda mesmo é o de baixo. Cuide do seu intestino, e ele cuidará de você. E se você quiser evitar uma “rebelião interna”, melhor tratar bem esse cara!

Afinal, o ditado não diz que “o bom humor começa no estômago”? Pois agora a gente sabe que o caminho para a felicidade passa pelo intestino!

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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