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‘Só devo satisfação a três mulheres. Minha mãe, minha esposa e a presidente.’ Machismo de Abel é inaceitável. Como o silêncio de Leila

Treinador português foi machista diante da pergunta simples de uma repórter. Ele a encarou e disse que deve satisfações apenas a ‘três mulheres’: sua mãe, sua mulher e a presidente Leila do Palmeiras. Postura que manchou a vitória por 5 a 0 diante do Cuiabá

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Abel dando explicações a Leila. Ele assume que só se explica a três mulheres: sua mãe, sua esposa e à presidente César Greco/Palmeiras

“É um prazer imenso estar aqui com vocês, nesse dia que posso dizer, sem sombra de dúvida, para nós mulheres, histórico. Não conheço nenhum caso no mundo, de uma entrevista coletiva, temos convidados e convidadas somente mulheres. Quando nós tivemos essa ideia, nós divulgamos e por incrível que pareça, ouvi muitas perguntas de homens “por que só mulheres?”. Digo para esses homens: não sejam histéricos! Não é isso que dizem pra gente? Queria que esse encontro simbolizasse para os homens que eles sintam em uma hora o que nós mulheres sentimos desde que nascemos.”

Foi assim que, no dia 16 de janeiro, Leila Pereira promoveu uma entrevista coletiva no Palmeiras só permitindo a entrada de mulheres.

Definiu como uma valorização às repórteres mulheres, que sobrevivem em um mundo machista, o do futebol.

Pois ontem, sete meses e nove dias depois, o treinador a quem paga R$ 3,5 milhões mensais, foi absolutamente machista em uma resposta à repórter Alinne Fanelli, da Band News FM.


Ela ‘cometeu o pecado’ de perguntar sobre o estado físico de Mayke, que deixou contundido o gramado do estádio Brinco da Princesa.

A resposta foi absurda.


“Vocês têm que entender que eu tenho que dar satisfação a três mulheres só: minha mãe, minha mulher e a presidente do Palmeiras. São as únicas que têm o direito de falar comigo e pedir explicações. Por que perdeu? Por que se lesionou? Os outros podem falar, se manifestar, podem elogiar e podem criticar, porque o treinador tem que saber ouvir elogios e críticas.”

A postura machista sabotou o clima da firme reação do Palmeiras, eliminado da Copa do Brasil e da Libertadores, em seguida.


Que caiu nas competições por erros infantis do treinador, que montou esquemas dignos de equipes pequenas nos jogos de ida, no Maracanã e no Nilton Santos. Eles fizeram seu time ter de lutar, desesperadamente, para reverter as duas derrotas.

Resultado: eliminações.

O sabor da reviravolta, depois do 5 a 0 contra o Cuiabá, em Campinas, se perdeu no machismo.

Abel tratou de deixar claro que as mulheres que trabalham com jornalismo esportivo não têm o direito de questioná-lo.

Ficou claro que apenas três mulheres poderiam questioná-lo sobre a contusão de Mayke.

Sua genitora, sua esposa ou a presidente do Palmeiras.

Postura absurda.

Alline é uma jornalista que tem o mesmo direito de qualquer homem de perguntar o que quiser para o treinador.

Ela foi absolutamente respeitosa e fez uma pergunta mais do que pertinente.

Como toda repórter, serve como intermediária entre o técnico e os torcedores.

Nada além disso.

A presidente Leila Pereira, da SE Palmeiras, durante coletiva de imprensa, na Academia de Futebol. (Foto: Cesar Greco/Palmeiras/by Canon) Cesar Greco/Palmeiras

Abel Ferreira fez tudo o que a presidente do Palmeiras disse que abomina no dia 16 de janeiro.

Revoltou a direção da Band News FM.

Provocou repulsa a milhares de internautas.

De conselheiros da oposição e da situação no Palmeiras.

Membros da diretoria não quiseram comprar briga com Leila, que é dona absoluta dos cargos.

A presidente se viu, de novo, diante do velho dilema, desde que assumiu a presidência, em janeiro de 2022, defender ‘como unhas e dentes’, Abel Ferreira.

Ela sabe que tem o melhor treinador da América do Sul.

E não quer perdê-lo de jeito algum.

Nestes dois anos e oito meses, jamais deu uma reprimenda pública no técnico.

Como executiva, dona da Crefisa, ela é muito firme e dura.

Abel dá resultados e é isso que interessa.

Não quer dar motivos para a demissão.

Daí os perdões aos chutes nos microfones de emissoras.

O silêncio absoluto diante dos 56 cartões, com direito a oito expulsões, prejudicado o time com suspensões.

As péssimas indicações técnicas como Merentiel, Navarro, Kusevic, Empereur, Matheus Fernandes, Atuesta, Bruno Tabata, Navarro, jamais são mencionadas.

Às retrancas que custaram eliminações preciosas.

O Palmeiras deixou de ganhar cerca de R$ 16 milhões com as quedas na Copa do Brasil e na Libertadores, ainda nas oitavas.

Tudo isso foi deixado de lado.

Mas agora Leila tem de encarar o que mais abomina.

O machismo.

Ela teve mais do que tempo para se posicionar.

A entrevista do treinador foi ontem, cerca de 21 horas.

Mas até hoje, às 13h30, nada de resposta da presidente.

Ela até entrou nas redes sociais para republicar uma mensagem sobre a vitória do Palmeiras feminino contra o Cruzeiro, por 2 a 1, em Minas Gerais.

Mas não citou a fala machista de Abel Ferreira.

A rádio Band News FM se pronunciou.

“Neste sábado, a nossa repórter Alinne Fanelli foi desrespeitada ao exercer sua profissão. O machismo indiscutível demonstrado pelo técnico Abel Ferreira é injustificável e indefensável. Postura que certamente não representa as milhares de torcedoras do Palmeiras que, assim como a jornalista Alinne Fanelli, trabalham com profissionalismo e dedicação, independentemente do setor. À nossa repórter, solidariedade e respeito!”

O jornal A Bola, de Portugal, previu após a declaração do treinador.

“Ele estará em maus lençóis nas próximas horas...”

Esse blog também se posiciona a favor de Alline, profissional séria e competente.

E que fez uma pergunta absolutamente cabível e respeitosa, repito.

A expectativa agora é sobre o silêncio ensurdecedor de Leila Pereira.

Nem parece a mesma dirigente de janeiro.

Aquela que se posicionou de maneira muito digna contra o machismo.

E confessava que se sentia solitária na briga contra o preconceito à mulher.

“Nós, mulheres, não queremos privilégio, queremos ter a oportunidade de mostrarmos que somos competentes e queremos espaços nesse mundo do futebol, que é tão masculino. Vou em reuniões na CBF, FPF, Libra, só tem homens. Me sinto extremamente solitária, então nós temos que dar um basta isso. Não pode ser normal ter uma mulher a frente de um grande clube na América do Sul. Isso acontece porque sofremos diversas restrições, que nos impedem de chegar onde podemos estar.”

E agora?...

Veja também: Abel dedica goleada à presidente Leila e diz que faz seu melhor

Técnico do Palmeiras, Abel Ferreira dedicou a goleada por 5 a 0 sobre o Cuiabá, no Brinco de Ouro, pelo Brasileirão, à presidente Leila Pereira.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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