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Renda Extra

Gasolina sobe quatro vezes mais que o salário mínimo em 38 meses, desde o início de 2019

Com piso nacional de R$ 998 era possível comprar 233,8 litros do combustível; hoje só dá para levar 155 – um terço menos

Renda Extra|Marcos Rogério Lopes, do R7

Brasileiros foram aos postos atrás de preço antigo
Brasileiros foram aos postos atrás de preço antigo

Se em janeiro de 2019, início do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seu ministro da Economia, o posto Ipiranga Paulo Guedes, a gasolina parecia salgada demais para o bolso dos brasileiros, os consumidores do país têm razão de querer voltar para aqueles dias.

Há 38 meses, o preço médio do litro do combustível no país, aferido pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), era de R$ 4,268, o que permitia adquirir 233,8 litros de gasolina comum com o piso nacional.

Nesta sexta-feira (11), dia em que entraram em vigor os novos reajustes da Petrobras, de 18,8% na gasolina (e 24,9% no diesel), o combustível saltou para R$ 7,81 – valor a que se chega quando se acrescenta a correção anunciada pela petroleira ao preço nacional médio da semana passada, divulgado pela ANP, de R$ 6,577.

Por esse preço, em que a gasolina fica 82,9% mais cara do que em janeiro de 2019, compram-se apenas 155 litros de gasolina com o salário mínimo atual (R$ 1.212). A perda do poder de compra faz o motorista pôr no tanque menos 78 litros, o que representa 34% de diferença.


No mesmo período de 38 meses, o piso nacional foi corrigido em 21,44%, praticamente quatro vezes menos que a remarcação que sofreu a gasolina no país.

De janeiro de 2019 a fevereiro de 2022, a inflação acumulada foi de 21,85%, segundo a calculadora do Banco Central.


Se a intenção do governo federal fosse suprir essa perda de força do salário mínimo e devolver aos consumidores a capacidade de abastecer o carro com os mesmos 233,8 litros que eles conseguiam comprar no início de 2019, o piso deveria ser reajustado para R$ 1.825, R$ 613 acima do atual.

Fausto Augusto Júnior, diretor-técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), diz que o aumento da gasolina afeta diretamente a classe média, que deixa mais dinheiro nos postos, mas também as pessoas mais pobres, normalmente as mais prejudicadas pela inflação.


"Uma hora ou outra a tarifa do transporte público vai subir bastante e, a curto prazo, esse gasto a mais de indústrias e lojas com o combustível vai ser repassado para o consumidor", afirma ele.

A subida do valor do diesel, por sua vez, vai ter impacto direto no preço dos fretes de alimentos e bens em geral, o que vai refletir em curto prazo nos gastos dos consumidores nas lojas e supermercados.

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