Mulher foi levada à delegacia pela PM
Record TV RioUma cliente denunciou ter sido vítima de ofensas racistas por parte da dona de uma loja em Copacabana, zona sul do Rio, nesta quarta-feira (21). A mulher de origem chinesa foi levada para delegacia após o caso gerar protestos na porta do estabelecimento.
Em entrevista ao Cidade Alerta RJ, a vítima Laura Brito Viana contou ter entrado na loja para comprar bijuterias e percebido que a mulher passou a acompanhá-la.
Ao questionar o comportamento da dona da loja, a cliente disse ter sido agredida fisicamente e com xingamentos.
"Ela disse que não queria gente da minha laia, neguice, dentro da loja. Foi quando perguntei "Como é?". Ela respondeu: 'É, neguice'. Tirou o meu celular da cestinha, com outros produtos que eu estava comprando, jogou no chão, quebrou o aparelho. Me agrediu, me deu dois tapas no braço. Me chamou de preta, safada, neguinha, macaca. Fui no chão da loja para pegar minhas coisas e comecei a gritar por socorro porque estava sendo agredida", relatou Laura.
Por outro lado, representantes do estabelecimento comercial negaram as acusações. O comunicado enviado à impresa afirmou que a chinesa não tem conhecimento pleno da língua portuguesa e que se aproximou da cliente com intuito de ajudá-la.
A defesa ressaltou que as imagens de câmeras de segurança mostram que as duas trocaram agressões físicas, após a jovem encarar a proprietária. Também afirmou que, neste intervalo de segundos, não houve tempo para as supostas frases ofensivas e, principalmente, para as atitudes de tirar a cesta, jogar o celular no chão e ofender a consumidora enquanto ela pegava os pertences.
Outras pessoas que passavam pelo local defenderam a jovem. Testemunhas gravaram um vídeo no qual Laura aparece dizendo que tinha dinheiro para pagar pelas mercadorias que estava comprando.
Segundo a vítima, a dona da loja afirmou que não queria o dinheiro dela, fez mais ofensas racistas e a expulsou da loja.
Mesmo abalada, Laura afirmou ter chamado uma viatura da PM, além de ter evitado que outras pessoas agredissem a dona da loja.
Na delegacia, Laura relatou, ainda, que a mulher tentou oferecer dinheiro para ela ficar calada.
"Falei que não queria, quero continuar com o processo, porque ela vai pagar pela lei. Não quero que ela me dê dinheiro. Porque dinheiro nenhum vai tirar o que ela fez dentro de mim. Não tira a dor, o constrangimento de ter que catar minhas coisas pelo chão da loja, como se eu fosse um nada", contou à Record TV Rio.
Em nota, a Polícia Militar afirmou ter levado a vítima e a suspeita de cometer injúria racial para a 12ª DP (Copacabana). A Polícia Civil ainda não se manifestou sobre o caso.
Os representantes da comerciante chinesa disseram que ela não foi ouvida pelas autoridades policiais e, mesmo assim, foi presa em flagrante sem a observância dos direitos e da presença de tradutor juramentado.
A advogada Camila Félix disse que a prisão foi arbitrária e que vai solicitar o trancamento da ação penal e ingressar com ação de falso testemunho e denunciação caluniosa.
“Impossível a comerciante chinesa ter dito qualquer palavra informada pela denunciante e pela testemunha, que sequer estava no local. Ela não fala português”, ressaltou no comunicado enviado à imprensa.