Exército encerra megaoperação no Alemão, na Maré e Penha
Informação foi confirmada pelo porta-voz do CML, coronel Carlos Cinelli; ações duraram cinco dias e prenderam 86 pessoas
Rio de Janeiro|Juliana Valente, do R7*

Após entrar no quinto dia, a megaoperação conjunta das Forças de Segurança nos Complexos da Penha, Maré e Alemão foi encerrada na noite desta sexta-feira (24). A informação foi confirmada pelo porta-voz do CML (Comando Militar do Leste), coronel Carlos Cinelli.
De acordo com Cinelli, "o Comando Conjunto do Exército está de prontidão permanente e poderá, a critério da secretaria de Segurança Pública, atuar em qualquer área do Estado uma vez sendo demandada".
Iniciada na segunda-feira (20), os agentes de segurança, até as 11h desta sexta-feira (24), prenderam 86 pessoas e apreenderam dois menores. Também foi apreendida 1,5 tonelada de drogas diversas.
Além das prisões e apreensões, a operação deixou cinco pessoas mortas na segunda. Três militarestambém foram mortos durante a ocupação.
A operação de combate ao tráfico de drogas contou com 4.200 militares das Forças Armadas e 70 policiais civis, além de equipes do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), BPChq (Batalhão de Polícia de Choque) e BAC (Batalhão de Ações com Cães).
Nos cinco dias, os militares realizaram revistas de pessoas e veículos, checaram antecedentes criminais, fizeram cerco, estabilização dinâmica das áreas e remoção de barricadas.
Jovens presos
Cinco jovens presos durante uma operação conjunta do Exército e das polícias Civil e Militar no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, deixaram o presídio de Benfica na tarde desta quinta-feira (23). Eles conseguiram a liberdade após a Defensoria Pública do Estado obter uma liminar no plantão judiciário desta madrugada. A prisão dos jovens ocorreu na última segunda-feira (20), nas primeiras horas da ação coordenada pelas Forças de Segurança.
De acordo com a Defensoria, o pedido de habeas corpus dos jovens foi solicitado pois "eles estavam em casa e não havia no local qualquer indício de envolvimento deles com práticas criminosas".
Segundo a defensora pública Bruna Dutra, que atuou no caso, a prisão se deu com base em troca de mensagens sobre a operação, feita pelos jovens por meio de um aplicativo de celular.
Violações
Desde o início da operação, moradores das comunidades relatam violações de direitos e abusos na conduta dos militares. Segundo a página Maré Vive, moradores informaram que agentes quebraram motos e arrombaram portas de residências do complexo de favelas sem mandados de busca e apreensão.
Por causa disso, a Defensoria Pública do Rio de Janeiro está percorrendo as comunidades para apurar as denúncias recebidas através da ouvidoria e reunir relatos para embasar possíveis ações judiciais, com o objetivo de garantir a integridade dos moradores.
“Todos sabemos que a segurança vive um momento crítico no Estado. Mas isso não pode servir de salvo conduto para que, em nome de um suposto restabelecimento da ordem, cidadãos sejam agredidos em suas casas, a caminho do trabalho, da escola ou enquanto brincam na rua. Não pode ser justificativa para abuso de autoridade”, afirma Rodrigo Pacheco, subdefensor-geral do Estado.
Em nota, o CML informou que "todas as denúncias devem ser registradas na Delegacia Policial da área e submetidas ao canal de ouvidoria da Intervenção Federal (ouvidoria.intervencao@cml.eb.mil.br), sempre acompanhadas de dados que permitam a devida apuração".
*Estagiária do R7, sob supervisão de Leonardo Martins