Homem que atropelou e arrastou enfermeira no Rio vai a júri popular
Alan da Silva Nobre, de 23 anos, vai ser julgado por tentativa de homicídio. O juiz entendeu que houve intenção de matar
Rio de Janeiro|Do R7, com Felipe Batista, da Record TV Rio

Em audiência nesta terça-feira (4), um juiz da 19ª Vara Criminal do Rio de Janeiro decidiu que o jovem que atropelou e arrastou uma enfermeira do Samu, em fevereiro deste ano, vai a júri popular. Alan da Silva Nobre, de 23 anos, apresentava sinais de embriaguez quando atingiu a enfermeira Caroline Cattoni. Ele aguarda o julgamento em liberdade, mas usa uma tornozeleira eletrônica.
Alan não foi ouvido na primeira audiência do caso. Depois de ter colhido o depoimento da vítima, o juiz decidiu enviar o caso ao Tribunal do Júri. Alan deve ser julgado por tentativa de homicídio, tentativa de roubo do celular da vítima, embriaguez ao volante e omissão de socorro.

Após a audiência, Caroline relatou a esperança de que o caso seja concluído.
"Único sentimento depois da audiência de ontem é de que o caso está se encaminhando. Graças a Deus eu estou aqui para contar a história, mas agora é aguardar a decisão final. Meu desejo maior é que a justiça realmente prevaleça nesse caso."
O incidente aconteceu em um domingo, no dia 27 de fevereiro, antes das 7 da manhã. As câmeras de segurança da avenida das Américas, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, flagraram o carro ao arrastar a enfermeira no asfalto por pelo menos 50 metros. Ela estava presa à janela do motorista e tentava recuperar o celular dela, que Alan tentava levar no momento da fuga.
Alan e um amigo bateram na traseira do veículo dela, parado no sinal vermelho. A enfermeira estava a caminho do trabalho e afirmou, no tribunal, que os dois estavam visivelmente embriagados. O jovem, segundo Caroline, ficou desesperado depois que ela filmou as garrafas de bebida no carro dele.
O motorista abandonou o amigo no local da batida e, depois de ter arrastado a enfermeira, fugiu da cena do crime. Ele foi capturado por um policial à paisana, momentos depois. Com a ajuda da Polícia Militar, o jovem foi levado para a 16ª DP (Barra da Tijuca) e preso por embriaguez ao volante. Agora, responde na Justiça por tentativa de assassinato. O juiz acatou o pedido da acusação de que houve dolo, ou seja, a intenção de matar a vítima.
Depois do atropelamento, Caroline Cattoni, que trabalha fazendo resgates dentro de um helicóptero do Samu, teve diversos ferimentos pelo corpo e precisou ficar afastada do trabalho.
"Psicologicamente ainda não estou recuperada, ainda tomo remédio pra dormir. Estou com a função desviada no meu trabalho, sem conseguir fazer o que eu fazia antes, não consigo dirigir, nem sei quando vou conseguir. E também não consigo sair de casa sozinha. Os traumas ficam, são difíceis de passar, e espero que com o tempo eles melhorem."
Por meio de nota, os advogados da vítima informaram que nem o acusado nem seus familiares entraram em contato com Caroline para prestar qualquer tipo de auxílio.
Já a defesa de Alan disse que "os atos imputados ao acusado decorreram de um acidente de trânsito" e que a perícia atestou que ele "não fez uso de bebida alcoólica e que sua capacidade motora estava normal". A defesa afirmou ainda que "fará usos de instrumentos processuais cabíveis para demonstração de que os fatos imputados ao acusado não coadunam com a verdade".
