O estoquista Thiago Marques de Oliveira, de 28 anos, ferido e preso durante uma operação policial no Morro do Salgueiro, no último sábado (31), acusado pela polícia de envolvimento com o tráfico de drogas e de ter participado de troca de tiros, deixou o presídio em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, nesta quinta-feira (5), após decisão da Justiça.
A desembargadora Gizelda Leitão Teixeira destacou que o rapaz comprovou por meio da Carteira de Trabalho que exerce atividade lícita desde 2012 e que ele não tem anotações criminais. Além disso, ressaltou que não há indícios de que Thiago seja integrante do tráfico local e que ele não mora na comunidade há anos.
Emocionado, Thiago disse em entrevista ao Balanço Geral que espera encontrar o filho e voltar a trabalhar. Ao falar sobre o tempo que ficou preso, ele prestou solidariedade a outras pessoas que estão detidas injustamente: “É desumano, tem gente ali dentro que não merece passar frio do jeito que eu passei esses dias. Muita gente ali não fez nada e está pagando. Eu tive condições de sair, e quem não tem?", questionou.
Na última terça (3), a Justiça havia negado a liberdade de Thiago. Segundo a juíza, não havia mecanismos suficientes para analisar o caso e garantir a soltura do jovem.
Familiares se empenharam para provar a inocência do rapaz, reunindo documentos que comprovaram que Thiago trabalhava de carteira assinada como estoquista desde 2019 e procurando representantes da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) e da Defensoria Pública.
O primo do jovem, Leonardo de Oliveira Leite, testemunhou o momento da operação e afirmou que Thiago não era morador do Salgueiro e tinha ido ao local com o pai para retirar uma cesta básica. Depois, os dois teriam ido ao encontro de Leonardo e outros familiares em um bar.
De acordo com o primo, criminosos e policiais que estavam escondidos em uma laje iniciaram uma troca de tiros. Uma das sobrinhas de 14 anos foi baleada na perna e socorrida por Thiago.
Leonardo contou que Thiago e a sobrinha foram levados ao hospital em uma viatura. Mas, ao receber alta, o jovem foi algemado e encaminhado à delegacia, onde a família foi informada das acusações. O primo afirmou, ainda, que agentes zombaram dos familiares que foram até a unidade policial para atestar a inocência de Thiago.
Em nota, a Polícia Militar declarou que agentes da UPP Salgueiro foram atacados a tiros por criminosos durante um patrulhamento e, após troca de tiros, três homens armados foram encontrados feridos e caídos no solo e socorridos ao Hospital Federal do Andaraí, assim como uma adolescente atingida por estilhaços na perna. Um dos feridos seria o gerente do tráfico local, conhecido como Belo, que acabou morrendo.
Ainda de acordo com a polícia, todas as circunstâncias da ação estão sendo apuradas pela Delegacia de Homicídios da Polícia Civil e por um inquérito interno da Polícial Militar. Os dois procedimentos serão acompanhados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
*Estagiário do R7, sob supervisão de Bruna Oliveira