Bombeiros interrompem buscas em escombros de prédio por duas horas

De acordo com a corporação, fio energizado causou a paralisação. Eletropaulo diz que há uma rede clandestina soterrada nos escombros

São Paulo|Rafael Custódio, da Agência Record

10/05/2018 - 05h54 (Atualizado em 20/04/2024 - 14h16)

O Corpo de Bombeiros interrompeu na madrugada desta quinta-feira (10) as buscas por duas horas pelas seis vítimas sob os escombros do edifício Wilton Paes de Almeida, que desabou na semana passada, no Largo do Paissandu, centro de São Paulo.

De acordo o capitão Luciano Almeida do Corpo de Bombeiros, um fio energizado em meio aos escombros interrompeu as buscas.

A Eletropaulo foi acionada para desabilitar a tensão elétrica formada pelo fio. Os trabalhos dos técnicos duraram das 23h15 até 1h15 e, nesse período, os bombeiros interromperam as escavações.

Ainda de acordo com a assessoria de imprensa da Eletropaulo, há uma rede clandestina de energia que está soterrada, que ainda erradia energia para os fios espalhados pelos escombros. Assim que a linha de energia clandestina for localizada, ela será desabailitada.

Neste momento, os bombeiros trabalham com 30 homens e 13 viaturas nas buscas pelos desaparecidos.

A professora e pesquisadora da UNIVAP (Universidade do Vale do Paraíba) divulgou em suas redes sociais fotos da ocupação do edifício Wilton Paes de Almeida antes da tragédia da madrugada desta terça-feira (1º). As fotos foram feitas no dia 10 de março

Nelas é possível ter uma ideia de como vivam os moradores da ocupação, assim como anotações da professora sobre suas impressões durante uma pesquisa universitária

O prédio inaugurado em 1968, foi tombado como patrimônio de São Paulo em 1992. Abrigou a sede da Polícia Federal. E desde 2003 estava ocupado por famílias sem moradia

Eram 400 pessoas que ocupavam 12 andares, cada andar com cerca de 6 domicílios. Entre elas migrantes internos (paraibanos, paranaenses, capixabenses e cariocas) e internacionais (Marrocos, Congo, Senegal, Haiti, Filipinas)

Os moradores se empregam em trabalhos formais e informais vinculados a limpeza e serviços gerais, são vendedores ambulantes também. Trabalham majoritariamente no centro da cidade

A estrutura das moradias era bastante precária. Havia muito lixo em alguns andares como restos de móveis, restos de materiais de construção como privadas e tijolos

No entanto, alguns andares eram demasiadamente limpos e possuiam uma estrutura bem organizadas, com casas com cortinas, área de convivência coletiva e plantas

Detalhe das plantas colocadas por moradores em alguns andares bastante limpos e organizados

A cozinha e banheiros eram comunitários. O serviço de água e luz chegava somente até o quinto andar, obrigando os moradores dos outros andares a descerem para recarregar seus baldes para o uso cotidiano

Regras de convivência era colocadas nas paredes para tentar manter a ocupação limpa e ordenada

Uma das janela da ocupação mostra a vista privilegiada do Largo Paissandu

Um dos pontos que chamou a atenção da professora foram as famílias monoparentais ( formadas apenas por filhos e mãe). Havia também muitos homens solteiros e muitas crianças brincando nos corredores como mostra a imagem

De acordo com a professora, nem todos as pessoas presentes no prédio eram moradoras, considerando que é comum pessoas em situações de vulnerabilidade se aproximem do movimento

Havia uma portaria controlada para garantir a segurança dos moradores e evitar estranhos dentro da ocupação. E o cuidado para evitar ex-moradores

As lideranças também impunham regras de convivência e limpeza fixadas nas paredes de cada um dos andares. Elas falavam até do tipo de vestimentas de homens e mulheres

A professora e pesquisadora da UNIVAP (Universidade do Vale do Paraíba) divulgou em suas redes sociais fotos da ocupação do edifício Wilton Paes de Almeida antes da tragédia da madrugada desta terça-feira (1º). As fotos foram feitas no dia 10 de março