Mães de jovens mortos por policiais fizeram relembraram as histórias dos filhos na última quinta-feira (2) durante ato em memória às vítimas do massacre do Carandiru.
A fundadora do movimento Mães de Maio, Débora Maria da Silva, afirmou: "O Estado não mata só os nossos filhos, ele nos mata também. Daqui a pouco nós não temos mais o Mães de Maio".
—Eu sou mãe de um rapaz que trabalhou o dia todo de atestado médico e que a polícia veio e arrancou ele da minha vida. Eu pergunto quem é o crime organizado deste Estado e deste País.
Jucelia Maria dos Santos, também da Mães de Maio, teve seu filho morto por policiais militares no ano passado. Segundo a mãe, ele foi assassinado “pelo simples motivo de estar passando no lugar errado, no momento errado”.
— Ele saiu de casa para comprar um lanche. Chegou do trabalho, ficou tomando uma cervejinha em casa. Aí sentiu fome e saiu para comprar um lanche. Ele estava com uma camiseta de capuz e uma cerveja na mão.
Depois disso, diz Jucelia, os policiais chegaram atirando. Uma das balas acertou a perna do filho: “Meu filho caiu e ainda falou o nome do assassino. O assassino era segurança do mercado que meu filho trabalhava. Aí ele falou assim: ‘quem mandou você estar aqui essa hora. Você vai morrer’”.
A mãe diz que “até hoje está lutando” para que fique provado que os policiais plantaram um pacote de drogas e uma arma na mão de seu filho.
Já o filho de Fátima Silva foi morto às 16h20 de joelhos por “estar desempregado, ser negro e gostar de fumar um baseado”. Ela afirma que policias já tinham avisado que iriam andar por ali “passando o rodo”.
— Eles cumpriram o que prometeram. Antes de dar o segundo tiro na testa ele ainda perguntou porquê. Sendo que ele não estava fazendo nada de mau.
Outra mãe que fez seu relato foi Nádia dos Santos. O filho dela foi morto com um tiro na cabeça. Ela diz que “não está preparada para enfrentar o Estado”, mas que o movimento está dando apoio para ela conseguir colocar os assassinos de seu filho na cadeia: “Eles entram na nossa comunidade, se acham donos da nossa comunidade e dos nossos filhos”.
Lucia Helena diz que sete tiros foram dados para matar o seu filho. Ele era entregador de pizza durante a noite para complementar sua renda. Depois de uma entrega, diz a mãe, quando ele já estava voltando, foi abordado por policiais: “Deram três tiros nas costas dele. Depois voltaram e deram mais quatro tiros, executando ele”.