Entregadores interditam Avenida dos Bandeirantes, durante a manhã desta quarta
FELIPE RAU/ESTADÃO CONTEÚDO-01/07/2020-13:02Entregadores de aplicativos fecharam parcialmente seis avenidas e ruas importantes do centro expandido de São Paulo desde a manhã desta quarta-feira (1º), no #BrequeDosApps, paralisação que reuniu a categoria em ruas de capitais por todo o Brasil. Segundo o SindimotoSP (Sindicato dos Motoboys de São Paulo), o ato teve a adesão de cerca de 8 mil entregadores.
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Entre as principais demandas do #BrequeDosApps estão o aumento da taxa por quilômetro percorrido, o aumento do valor mínimo por corrida e o fim de bloqueios sem justificativas, além do recente pedido por mais proteção e segurança na pandemia do novo coronavírus.
O ato sindicalizado saiu às 9h da sede do SindimotoSP, região do Brooklyn, e terminou em frente ao Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, localizado na Rua Consolação, centro da capital paulista.
Outro protesto foi organizado pela categoria de forma independente, sem vínculo ao sindicato. Durante o dia, o trajeto dos entregadores interditou parcialmente a Avenida Bandeirantes, Marginal Pinheiros, Avenida Rebouças, Avenida Paulista, a Rua da Consolação e por fim a Avenida Jornalista Roberto Marinho, na altura da Ponte Estaiada.
Movimento independente
A paralisação do grupo sem ligações sindicais também começou por volta das 9h e em diversos pontos da capital e da região metropolitana de São Paulo. O ato passou pelos mesmos pontos estratégicos que os sindicalizados, como a Avenida Paulista e o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região.
Às 14h, os manifestantes se reuniram em frente ao MASP, na Avenida Paulista, centro da capital. A partir das 16h, o grupo foi até a Ponte Estaiada, localizada na Avenida Jornalista Roberto Marinho, número 6.807, no Jardim Panorama, zona sul.
Um dos expoentes do movimento é Paulo Lima, conhecido como Galo, integrante do grupo "Entregadores Antifascistas". Ele explicou pelas redes sociais que a paralisação desta quarta-feira (1) é suprapartidária.
"É um movimento puro. Nem é de esquerda, nem é de direita, nem é contra, nem é a favor. Ela tem uma pauta. Qual que é a pauta? A pauta da greve, ela pede o aumento das taxas, o aumento da taxa mínima, certo? O fim dos bloqueios injustos e o auxílio ao entregador que se acidentar ou se contaminar com a doença", disse Paulo Lima.
A mobilização do grupo independente dos sindicatos foi divulgada pelo perfil "Treta no Trampo".
Nas redes sociais do movimento, foram recomendados "bolsões" em pontos-chave da capital para travar possíveis pedidos. Imagens e vídeos mostraram os entregadores "brecando" diversos estabelecimentos comerciais, supermercados, pontos de concentração dos aplicativos e restaurantes da capital paulista e da Grande São Paulo.
No meio da tarde, manifestantes bloquearam temporariamente a Via Dutra, que liga São Paulo a Guarulhos, como mostraram vídeos publicados nas redes sociais.
Em nota, a CCR NovaDutra comentou que foi acionada às 13h53 para atender a uma manifestação no km 225 da pista marginal no sentido São Paulo, em Guarulhos. Segundo o órgão, foram ocupadas partes do acostamento e das duas faixas da direita da pista, com o tráfego fluindo pelas outras duas faixas da esquerda. A lentidão registrada no local foi de 5 km. Uma hora depois, o tráfego foi normalizado.
Os organizadores do ato prometeram realizar as mesmas ações para paralisar entregas na parte da noite desta quarta-feira (1º).
Manifestantes fecham a Ponte Estaiada, região do Brooklyn
Reprodução/Twitter @tretanotrampoGerson Cunha, presidente interino do SindimotoSP, considerou que a manifestação teve um resultado positivo. "O balanço que a gente teve é que foi muito boa a manifestação. Já protocolamos nossa pauta de reivindicação do trabalhador no TRT. Estamos esperando as ações serem julgadas, e hoje fomos à rua para reforçar os pedidos da categoria".
Outro lado
As empresas UberEats, Rappi e Ifood afirmaram que mantiveram os serviços nesta quarta (1º) e ressaltaram medidas de proteção aos entregadores durante a pandemia. A UberEats afirmou que oferece seguro para trabalhadores em caso de acidente e que fornece assistência financeira e o reembolso de álcool e gel e produtos de limpeza para os entregadores.
A Rappi, por sua vez, disse que "reconhece o direito à livre manifestação pacífica e busca continuamente o diálogo com os entregadores parceiros de forma a melhorar a experiência oferecida a eles", e que também oferece seguro para acidentes durante o trabalho da categoria.
Por fim, a Ifood ressaltou também que apoia a liberdade de expressão e rebateu acusações de que entregadores são desligados arbitrariamente, sem denúncias e provas. A empresa ainda afirmou que não trabalha com "ranking de pontuação" dos funcionários e esclareceu que o valor médio das rotas é de R$ 8,46, e que "todas as rotas tem um valor mínimo de R$5,00 por pedido, mesmo que seja para curta distância".
Entregadores fecham avenidas de SP em dia de paralisação. Veja fotos
*Estagiário do R7, sob supervisão de Ana Vinhas
Texto com informações de Vania Souza, da Agência Record