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Filme mostra importância de mães para trajetória de artistas

Minha Fortaleza, os filhos de fulano relata a vida de mulheres que chefiam seus lares

São Paulo|Giorgia Cavicchioli, do R7

Negotinho e Dona Vera nos bastidores das gravações do filme que vai contar um pouco de suas histórias de vida
Negotinho e Dona Vera nos bastidores das gravações do filme que vai contar um pouco de suas histórias de vida Negotinho e Dona Vera nos bastidores das gravações do filme que vai contar um pouco de suas histórias de vida

“Acima de mim só Deus e minha mãe”. Essa frase, dita pelo rapper Negotinho é sobre a mãe dele, dona Vera, mas poderia representar várias mães brasileiras. O filme Minha Fortaleza, os filhos de fulano, dirigido pela cineasta Tatiana Lohmann, mostra a realidade de muitas famílias que têm as mães como responsáveis pelo sustento da casa.

O documentário lança uma “lente de aumento” em dois casos de mães solo e seus filhos, que se tornaram artistas. Uma das histórias é a de Negotinho e Dona Vera. Ela cuidou do filho sem a presença do pai dele. Sempre trabalhou firme para não deixar faltar comida em casa e cedeu parte de sua casa para que o filho criasse um espaço cultural na periferia. O local ganhou o nome de Espaço Cultural São Mateus em Movimento.

Negotinho diz que a mãe dele sempre esteve presente e participando de suas ideias artísticas: “Sempre moramos no extremo leste. As coisas sempre foram muito precárias. Ainda mais nos anos 90. Mas ela sempre veio me apoiando nas coisas que eu vinha fazendo. Eu comecei a cantar rap, praticar capoeira e a partir de então me inseri totalmente na cultura e ela acabou se envolvendo também”.

Ele diz que quer “trazer uma reflexão” com o documentário. Para ele, a mensagem mais importante é mostrar que “independente do poder aquisitivo, o que vale é a presença e o amor”. Segundo ele, o filme é “uma mensagem de carinho” a respeito de mães fortes e que fizeram muita diferença na vida de seus filhos.

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— Eu me senti abandonado pelo meu pai e pelo poder público. Na escola, eu era sempre o causador de tudo. Minha mãe sempre esteve comigo e em cima de mim para que fosse para a escola.

Dona Vera diz que recebeu a notícia de que sua história ao lado de Negotinho ia ganhar as telas de cinema pelo seu filho. Ela diz que achou a ideia “muito bacana, muito legal”.

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— Eu me sinto bem pela trajetória de vida dele. Ele não se envolveu com a droga e com a criminalidade. Sou realizada.

O convite para que os dois participassem do filme veio do rapper e ator Fernando Macário, que também terá sua história e de sua mãe contada no documentário. Os dois músicos, segundo Negotinho, se conhecem há muito tempo e têm histórias de vida bem parecidas.

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Fernando Macário e Dona Edith nos bastidores das gravações do filme que vai contar um pouco de suas trajetórias
Fernando Macário e Dona Edith nos bastidores das gravações do filme que vai contar um pouco de suas trajetórias Fernando Macário e Dona Edith nos bastidores das gravações do filme que vai contar um pouco de suas trajetórias

Macário também foi criado apenas pela sua mãe: Dona Edith, que adotou o músico quando ele tinha apenas oito meses de vida. Naquela época, ela nem imaginaria que aquele menino com vários problemas de saúde se tornaria rapper e faria grandes trabalhos como ator, como foi o caso do filme Carandiru e Ensaio Sobre a Cegueira.

— Eu tinha problemas de saúde e com tratamento dela, sanou o problema. A importância dela é indescritível. Ela é uma base. Dentre as coisas boas e ruins, eu sempre tive um voto de gratidão perante a ela. Eu nunca poderia dar uma decepção para ela. Não seria justo eu ser preso, ou sei lá, algo que quebrasse esse voto [de confiança].

Dona Edith conta que cuidava de Macário para a mãe biológica dele, assim como fazia com várias crianças. Porém, a mulher não apareceu mais depois de um tempo e ela começou a cuidar da criança. Ele, segundo ela, tinha várias feridas pelo corpo e os médicos não conseguiam descobrir o que ele tinha. Foi então que ela mesma resolveu curar o bebê dando um banho três vezes por dia nele e passando uma pomada caseira, feita com enxofre. Ela diz que pensou “vou fazer na minha moda”. E deu certo. “Sarou tudo e nem sinal ficou”, diz ela.

Macário diz que “a criação dela foi de puro empenho” e que não tem como dimensionar a importância de sua mãe na sua vida. “Ela é extremante importante para mim. Somos muito ligados, independente da genética. O universo tem essas pegadinhas. Eu tenho uma ligação espiritual com ela”, diz ele. O filme, segundo Macário, mostra que as histórias dos dois músicos e de suas mães não são “fatos isolados” e “incomuns”.

— Além de uma homenagem, eu quero dar um grito ao mundo para que as pessoas têm que valorizar as suas mães. A minha história não é uma história isolada.

Dona Edith diz que ficou “muito satisfeita” com a homenagem do filho e que se sente “feliz” por ver que todo o seu trabalho e tudo o que ela fez por ele, “deu certo”. O filme tem previsão de lançamento para o segundo semestre de 2017.

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