Livro digital no Instagram retrata histórias reais de passageiros dos ônibus de SP
Divulgação/TuiaAs experiências de passageiros nos ônibus da madrugada da cidade de São Paulo viraram fonte de inspiração para três colegas de faculdade, que decidiram criar o que chamam de "instalivro" com essa histórias. "Um livro, só que no Instagram. Esse é o Noturno", diz a a apresentação.
A leitura pode ser feita pelo perfil do Instagram @cronicasnoturno, que apresenta os temas nos posts e desenvolve os relatos nos stories. A primeira publicação é do dia 12 de novembro de 2020, e explica aos seguidores como ler as páginas deste livro digital.
O novo formato subverte a lógica do papel, baratea custos e ajuda a ampliar o alcance maior em uma época de criação massiva de conteúdo digital.
Os textos escritos e publicados por Lucas Alves, Marcos Candido e Rafael Moura eram, inicialmente, um TCC (trabalho de conclusão de curso) da faculdade. O trio embarcou nos ônibus de São Paulo procurando histórias reais durante três meses e criaram o projeto literário. Entrevistados pela equipe do R7, os autores disseram que costumavam usar os ônibus da madrugada juntos por segurança, mas cada história foi assinada individualmente.
O projeto ganhou artes da designer Tuia, que escolheu a cor roxa para como predominante nas narrativas. "A cidade não é só escuridão na madrugada, então trouxemos o amarelo e o branco para compor a paleta", relatou ela.
O ônibus da madrugada retratado em “Noturno” opera atualmente em toda a cidade de São Paulo, da 00h às 4h. São 151 linhas que oferecem um cenário diferente do enfrentado durante o dia – onde há assentos lotados e pressa para chegar em casa.
Entre as histórias contadas nas crônicas, estão a de um chapeiro de padaria que sofria com a homofobia dos colegas e tinha o sonho de viajar para o Canadá, onde imaginava que poderia ser aceito.
Também há personagens como um grupo de garçons que apostava tudo o que ganhava no baralho; um passageiro que usou o ônibus para fugir do cerco da polícia; uma mulher que lutou contra uma tentativa de feminicídio; e a de um segurança orgulhoso por ter trabalhado em campo durante uma partida da Copa do Mundo no Brasil, embora não tenha visto o jogo, pois ficava de costas para o gramado.
A história de um motorista de ônibus que trabalha de madrugada pelas ruas de São Paulo também foi contada. O funcionário fala sobre as ruas desertas, lugares por onde passa que são extremamente perigosos, mas diz não se importar com isso. O problema mesmo, diz ele, é trabalhar à noite.
*Sob supervisão de Clarice Sá