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Jovem baleado pela polícia vai responder ao julgamento em liberdade

Relatório do Condepe aponta indícios da inocência do vendedor de roupas

São Paulo|Peu Araújo, do R7*

Jonathan durante a internação no Hospital Geral de Pedreira, na zona sul de SP
Jonathan durante a internação no Hospital Geral de Pedreira, na zona sul de SP Jonathan durante a internação no Hospital Geral de Pedreira, na zona sul de SP

Baleado nas costas pela PM e preso na tarde do domingo 9 de julho, em Cidade Ademar, na zona sul da capital paulista, o vendedor de roupas Jonathan de Araujo Sousa, de 18 anos, foi libertado nesta quarta-feira (23) após conseguir o direito de responder em liberdade.

Acusado de ter roubado um veículo, o jovem passou nove dias internado no Hospital Geral de Pedreira, foi encaminhado para a carceragem de duas delegacias e depois levado ao CDP (Centro de Detenção Provisória) de Guarulhos.

Depois de uma audiência realizada nesta terça-feira (22), o vendedor, que perdeu o rim esquerdo e parte do intestino, responderá à acusação em liberdade.

O caso

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O boletim de ocorrência afirma que Jonathan “sacou uma arma de fogo do tipo revólver e apontou na direção da polícia”. O documento informa ainda que a vítima do roubo reconheceu, “sem sombra de dúvidas”, o jovem como autor do crime.

A versão que o rapaz conta à família, porém apresenta outros fatores.

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“O meu filho é inocente”, conta Maria Irene de Araujo Oliveira Sousa, 42 anos. Ela afirma que o jovem “seguia na moto para ir para casa e viu uma outra moto passar por ele. Ele continuou andando, porque ele conta que ninguém o mandou parar. Depois disso ele sentiu uma forte dor nas costas, passou a mão e viu o sangue. Só aí ele se deu conta de que foi alvejado.

O vendedor voltou até a casa de amigos e foi socorrido. A mãe explica que a caminho do hospital eles foram barrados pela Polícia Militar. “Os PMs tentaram tirar o Jonathan de dentro do carro, mas os amigos não deixaram”. Ela fala ainda sobre o que aconteceu ao filho dentro do hospital. “A polícia tomou os documentos dele, quando ele foi colocado na maca um policial tirou uma foto dele.”

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Relatório do Condepe (Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana) na tarde desta terça-feira (22) aponta conflitos no boletim de ocorrência e na narrativa dos policiais que estavam na abordagem e conclui que “com base na diligência e oitiva realizada com o referido acusado, além da análise do Boletim de Ocorrência, entendemos que existem indícios de que Jonathan de Araujo Sousa é inocente. Além disso, existem também indícios de que o referido acusado pode ter sido vítima de abusos, ilegalidades e até de crimes cometidos por policiais militares no exercício de suas funções.”

O jovem contou ao Condepe que “jamais portou arma de fogo, naquele dia ou em qualquer outro, e que seus colegas, familiares e vizinhos podem testemunhar.”

Em nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado de São Paulo informa que "não comenta decisões judiciais. Cabe esclarecer que a Polícia Civil encaminhou os depoimentos e provas coletados no dia da ocorrência para apreciação do Ministério Público e do Poder Judiciário, que expediram o mandado de prisão preventiva contra o acusado Jonathan de Araújo Sousa."

A pasta acrescenta ainda que "a arma encontrada no local dos fatos, assim como a arma de um policial, foi apreendida e encaminhada para perícia. A moto roubada foi periciada e entregue ao dono. A Corregedoria da Polícia Militar instaurou inquérito policial militar para apurar a ocorrência. Os PMs que participaram da ação foram designados para serviços administrativos, sendo afastados do trabalho nas ruas até o término das investigações."

Colaborou Kaique Dalapola, estagiário do R7*

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