São Paulo Jovem havia sofrido ameaças de seguranças de lanchonete, diz pai em depoimento à polícia

Jovem havia sofrido ameaças de seguranças de lanchonete, diz pai em depoimento à polícia

Outra testemunha afirmou ter visto João Victor ser agredido por funcionários da rede

  • São Paulo | Do R7*

João Victor sofreu parada cardiorrespiratória

João Victor sofreu parada cardiorrespiratória

Arquivo pessoal

O adolescente João Victor Souza de Carvalho, de 13 anos, que morreu após sofrer uma parada cardiorrespiratória em frente à rede de fast food Habib’s na noite do último domingo (26), havia sofrido ameaças de seguranças da lanchonete há dois meses, afirmou o pai do menino, Marcelo Fernandes de Carvalho, 42 anos, em depoimento ao delegado Antonio Celso Berna Peduti, do 28º DP (Delegacia de Polícia), na Freguesia do Ó, na tarde desta quarta-feira (1º).

O pai do jovem ainda disse que João Victor ia com frequência pedir dinheiro em frente à lanchonete. Ele acrescentou que João Victor não causava constrangimento aos clientes, pois ficava sempre do lado externo do comércio.

Marcelo afirmou à polícia que foi comunicado por sua vizinha, Silvia Helena Croti, 59 anos, que seu filho havia sido espancado por um segurança e o gerente do Habib’s.

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Em seu depoimento, Silvia, que é catadora de material reciclável e vendedora ambulante, disse que, por volta das 19h, quando estava vendendo balas próximo ao Habib’s, viu João Victor correndo na rua, sendo perseguido por um segurança e o gerente do estabelecimento.

A corrida terminou quando o segurança agarrou o jovem pelo pescoço, estimulado pelo gerente que mandava conter o jovem. Ainda segundo Silvia, o segurança agrediu João Victor com um “violento soco na cabeça”.

De acordo com a catadora de material reciclável, após a agressão, o segurança e o gerente do Habib’s pegaram o adolescente pelo braço e tentaram leva-lo novamente em direção a lanchonete. Poucos metros depois, no entanto, João Victor desmaiou e foi deitado no chão pelos funcionários do fast food. Quando se aproximou do adolescente, Silvia disse que ele estava “inconsciente” e “com a boca espumando”.

Com a chegada da Polícia Militar ao local, Silvia se dirigiu aos policiais para contar o que havia visto. As autoridades, no entanto, disseram que ela não poderia ser testemunha “pois era noia”. Ela não foi levada à delegacia e só prestou depoimento porque foi voluntariamente ao 28º DP, onde o caso está sendo investigado.

O coordenador da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente do Condepe, Ariel de Castro Alves, disse que “se os PMs tivessem levado a testemunha para a delegacia no dia e ela fizesse o reconhecimento, os agressores poderiam ter sido presos em flagrante”. De acordo com Ariel, a demora para o início das investigações também agrava a situação. “Os fatos ocorreram às 19h de domingo. O registro ocorreu apenas às 4h da manhã de segunda-feira. E as investigações se iniciaram só hoje [quarta-feira]”.

O coordenador ainda disse que as apurações de casos de homicídios não podem ficar paradas por causa de feriados. “Já deu tempo do Habib’s sumir com as imagens, ou editá-las”, contou.

Testemunha diz que viu funcionários do Habib's agredindo adolescente

Testemunha diz que viu funcionários do Habib's agredindo adolescente

Reprodução/Google Maps

Habib’s

Em nota, o Habib’s informou que “continua apurando os fatos da lamentável ocorrência”. A rede disse que considera as informações relatadas por seus funcionários que presenciaram o fato e os relatos registrados no Boletim de Ocorrência.

O Habib’s ainda disse, na nota, que acionou a polícia “assim que verificaram que a conduta do menor estava incontrolável, ameaçando o patrimônio físico da loja e dos clientes”. “Diante do estado do jovem, imediatamente, também o resgate foi acionado. E todas as orientações, por ele passadas, foram seguidas para garantir o devido socorro ao jovem, que, infelizmente, veio a falecer a caminho do hospital”, afirma a nota. O Habib’s diz que “vai cooperar com as investigações, se empenhando em esclarecer todos os detalhes do ocorrido com prioridade”.

A assessoria de imprensa da SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), disse que a ocorrência está sendo investigada pelo 28º DP, por meio de Inquérito Policial. A assessoria ainda informou que o caso foi registrado no 13º DP como morte suspeita, e que a polícia aguarda resultado dos laudos para confirmar a causa da morte.

*com colaboração de Kaique Dalapola, estagiário do R7

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