O fechamento do Horto Florestal, na cidade de São Paulo, em decorrência da morte de um macaco com febre amarela, levantou a dúvida de se o animal pode ou não transmitir a doença as pessoas. A resposta é negativa.
Os animais representam apenas um alerta às autoridades quanto à incidência da doença em áreas silvestres, porque são vulneráveis ao vírus, e ajudam a elaborar ações de prevenção da doença em humanos, explica o Ministério da Saúde.
Assim como a dengue, a febre amarela é um vírus transmitido por um mosquito. Na verdade, três: Haemagogus e Sabethes, que propagam a doença nos meios rurais e silvestres, e o Aedes aegypti, transmissor nas zonas urbanas. Não são registrados casos urbanos da doença no Brasil desde 1942.
Veja se você pode ou não tomar a vacina contra a febre amarela
Nas florestas da África, na Ásia tropical e nas Américas, os mosquitos Haemagogus e Sabethes picam macacos infectados pela doença e ficam com o vírus incubado. As transmissões acontecem quando esses insetos picam novamente um homem que entrou o hábitat dos primatas. Quando o homem infectado volta para a cidades e é picado novamente pelo Aedes aegypti, esse mosquito pode transmitir a doença para outras pessoas, iniciando o ciclo urbano da febre amarela.
Febre amarela pode voltar a circular nas cidades
A diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica Estadual, Regiane Aparecida Cardoso de Paula, disse na sexta-feira (20) que a febre amarela que matou o bugio no parque da zona norte é do tipo silvestre.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, em 2017, houve 22 casos e dez mortes por febre amarela silvestre autóctones (transmissão local) confirmados no Estado de São Paulo. Na capital, não houve registro de caso autóctone de febre amarela silvestre em 2017 —apenas 12 casos importados.
Prevenção
O único jeito de prevenir a febre amarela é a vacinação, que protege por dez anos, e apresenta eficácia de 95% a 99%. E o SUS (Sistema Único de Saúde) oferece nos postos de saúde em 20 Estados: Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Maranhão, Piauí, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Além das áreas com recomendação, neste momento, também está sendo vacinada a população do Espírito Santo.
Desde abril deste ano, o Brasil adota o esquema vacinal de apenas uma dose durante toda a vida, medida que está de acordo com as recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde). Como qualquer vacina ou medicamento, a vacina pode causar eventos adversos como febre, dor local, dor de cabeça, dor no corpo. Ela é contraindicada para crianças menores de seis meses, pessoas imunossuprimidas e pessoas com reação alérgica grave a ovo. Idosos acima dos 60 anos, gestantes, pessoas vivendo com HIV/AIDS ou com doenças hematológicas devem ser avaliadas por um médico antes de se vacinar.
No caso do Horto Florestal, a Secretaria Estadual de Saúde começou uma ação de intensificação vacinal preventiva de pessoas que moram nas proximidades do locl. A previsão é vacinar cerca de 500 mil pessoas nos bairros fronteiriços ao horto ao longo de um mês.