Chuvas de fevereiro derrubaram muro e inundaram a casa de família na rua
Arquivo pessoalNa rua Amélia Perpétua, famílias construíram seus lares e histórias há décadas. As últimas duas, no entanto, foram marcadas por um pesadelo para quem ali criou raízes. Segundo os moradores, com a chegada de um prédio residencial na década de 90, a galeria que dá vazão às águas da chuva ficou parcialmente bloqueada após o vazamento de concreto das obras do edifício, o que deu início a variados problemas. Desde então, eles buscam por ajuda e encontram mais perguntas que respostas.
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Mantendo-se resilientes, os moradores convivem com enchentes, o mau cheiro vindo do esgoto e rachaduras no asfalto. Quando na parte baixa da rua as casas são inundadas, se reerguem na esperança de que as chuvas do próximo verão sejam menos intensas que as do anterior. Dali, onde escreveram suas histórias, também não pensam em sair.
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Os temporais do início de fevereiro, porém, fizeram novos – e maiores – danos. Wanderley Scarati, 58, viu sua casa inundar a uma altura de meio metro e por pouco não perdeu seu carro. “Entrava água na porta da sala da minha mãe e saía da porta dos fundos da sala de jantar. Minha casa também encheu... ficou água na canela. Vamos ver se os caras não se movem para mexer na tubulação”, afirmou o instrutor de automóveis, que vive há 47 anos no local. “Temos problemas faz tempo, mas dessa vez foi ainda mais forte”, relatou.
Inundação chegou a 1,50 m
Arquivo pessoalCom a força da chuva, o muro de uma residência ao lado caiu, e o nível da água, chegando a quase 1,50m, fez a família, que vive na rua há 60 anos, perder móveis, eletrodomésticos e uma quantia considerável de dinheiro para se recuperar. Embora não tenha sido a primeira vez que tiveram de reagir aos efeitos das chuvas, esta foi a pior, como relataram os moradores da casa, que preferiram não ser identificados.
Logo à frente, vive Lia Barrella – já há 11 anos na rua. Apesar de não estar ali há tanto tempo quanto os vizinhos, mostra-se igualmente indignada. “Vem a Prefeitura, vem a Sabesp, fazem vistoria e sempre empurram o problema um pro outro... o máximo que conseguem são umas obras ‘tapa-buraco’”, relata Lia. Ela alega que, há anos, um erro de obras da Prefeitura fez com que as águas de esgoto passassem também pelas galerias. “Quando chove, inunda várias casas. Quando não chove, temos esse mau cheiro. Então sempre vivemos com algum problema por aqui”, afirma.
Antônio mostra as rachaduras na rua de sua casa
Guilherme Padin/R7Na rua Piracanguá, que cruza a Amélia Perpétua, vivem os aposentados Antônio Coelho e Rosany Nunes. Com a força das chuvas, viram o asfalto rachar em frente à casa. “Nossa rua não comporta mais a água que vem daqui de cima, do posto e do prédio. E não fazem nada para resolver. Trabalhei por 35 anos na Defesa Civil... sei como funciona”, diz Antônio.
Ele relata que, com os problemas vividos, teve de solicitar ao próprio prédio que fizesse uma obra na rua para a contenção das águas, pois, em sua avaliação, não poderia contar com o poder público.
Outro lado
Procurada para responder sobre as alegações dos moradores, a Prefeitura disse apenas que “não identificou obstrução ou diminuição da seção da tubulação de drenagem da região em função da construção do Ed. Brasília Quality”.
A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), por sua vez, não respondeu o contato da reportagem.