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Para promotoria, ideia do "bandido bom é bandido morto" é o principal desafio de júri do Carandiru

Na segunda-feira, 26 PMs serão julgados pela morte de 15 presos em episódio de 1992

São Paulo|Ana Ignacio, do R7

Presos penduram faixa demonstrando luto no Carandiru, na zona norte de São Paulo, três dias após o massacre ocorrido no local
Presos penduram faixa demonstrando luto no Carandiru, na zona norte de São Paulo, três dias após o massacre ocorrido no local Presos penduram faixa demonstrando luto no Carandiru, na zona norte de São Paulo, três dias após o massacre ocorrido no local (ITAMAR MIRANDA)

Mais de 20 anos após 111 presos serem mortos em ação policial na Casa de Detenção de São Paulo, o Carandiru, 26 policiais militares que participaram do episódio, que ficou conhecido como “massacre do Carandiru”, irão a júri popular no Fórum da Barra Funda, em São Paulo. Os policiais são acusados de homicídio qualificado —com uso recurso que dificultou a defesa da vítima — de 15 presos. Para Márcio Friggi, um dos promotores do caso, o principal desafio do julgamento para a acusação será uma questão ideológica.

— O maior desafio não é a prova, é a questão ideológica de que bandido bom é bandido morto.

Friggi atua com o promotor Fernando Pereira, à frente do caso desde abril de 2012. Para a promotoria, não há dúvidas do que ocorreu no dia 2 de outubro de 1992.

— Houve excesso criminoso, massacre, barbárie e morticínio.

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Ao todo, 79 policiais são acusados de homicídio no caso do massacre do Carandiru. Os 26 PMs que serão julgados na próxima segunda-feira (8) são os que atuaram no 2º pavimento do Pavilhão 9 do Carandiru, onde 15 presos morreram. Entre os réus, oito estão em atividade. Segundo a acusação, houve disparos dentro de celas e um dos presos morreu com uso de arma branca. Todos os demais foram baleados — em sua maioria na região do peito e da cabeça. Ainda de acordo com a promotoria, os presos não estavam armados.

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O julgamento

Sem revelar qual será a argumentação utilizada no plenário, os promotores disseram que estão tranquilos em relação às provas técnicas. Para eles, a perícia do confronto balístico (exame que determina de quais armas partiram os tiros), pedida pela defesa dos policiais, não é decisiva para o caso.

— A prova é contundente para apontar que houve massacre e excesso criminoso.

A acusação contará com seis testemunhas: Osvaldo Negrini, perito do Instituto de Criminalística que atuou na perícia do presídio, um agente de segurança do Carandiru e quatro ex-presos – todos detidos no Pavilhão 9 do complexo penitenciário (alguns estavam no 2º pavimento no dia da tragédia).

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De acordo com os promotores, é difícil calcular a pena que cada policial poderia pegar em uma eventual condenação. Segundo eles, cada morte pode acarretar entre 12 e 30 anos de prisão, mas cabe ao juiz decidir de que forma a pena será calculada.

Fernando Pereira frisou, ainda, que o julgamento não é da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

— Não é a PM que está no banco dos réus. Temos policias que violaram a lei e por esse motivo estão sendo julgados. 

Relembre o caso

O massacre do Carandiru começou após uma discussão entre dois presos dar início a uma rebelião no pavilhão nove. Com a confusão, a tropa de choque da Polícia Militar, comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, foi chamada para conter a revolta.

Ao todo, 286 policiais militares entraram no complexo penitenciário do Carandiru para conter a rebelião em 1992, desses 84 foram acusados de homicídio. Desde aquela época, cinco morreram e agora restam 79 para serem levados a julgamento. 

Até hoje, apenas Ubiratan Guimarães chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, porém um recurso absolveu o réu e ele não chegou a passar um dia na cadeia. Em setembro de 2006, Guimarães foi encontrado morto com um tiro na barriga em seu apartamento nos jardins. A ex-namorada dele, a advogada Carla Cepollina, foi a julgamento em novembro do ano passado pelo crime e absolvida.

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