Abordagem de PMs é tida como truculenta por populares
ReproduçãoUma equipe da Polícia Militar foi acusada de utilizar violência excessiva durante uma abordagem realizada na última terça-feira (12), em Laranjal Paulista, no interior de São Paulo. O comando da PM emitiu uma nota em que afirma apurar a conduta dos agentes públicos — que permanecem no serviço de patrulhamento nas ruas. Os nomes de todos os envolvidos não foram divulgados.
Na ação, que transcorreu no quintal de uma residência e que foi gravada por vizinhos da família envolvida na ocorrência, um homem — que, suspeita-se, teria transtorno mental e estaria sob efeito de entorpecentes — acusado de agredir o pai, que usava muletas, é golpeado várias vezes com socos e chutes por pelo menos três minutos durante a tentativa de imobilização feita pelos PMs.
Nas imagens, também é possível notar que três policiais militares tentam algemar o suspeito, que se mostra agressivo e estava armado com uma faca. Pessoas que estão próximas pedem para que os PMs parem de bater no suspeito, mas também são agredidas.
Um dos policiais militares saca a arma e aponta na direção de uma mulher. Em outro trecho do vídeo, é possível notar que outro PM tenta revidar a investida da moradora.
O professor Rafael Alcadipani, docente da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, considera que a abordagem da PM em questão apresenta falhas, mas precisa ser compreendida mais profundamente por possuir algumas nuances. "Não é assim que se faz, mas é preciso ver. Não é um caso óbvio."
Para Rafael Alcadipani, o alto nível de stress que a situação apresentava e a falta de experiência em situações semelhantes também podem ter influenciado no resultado da ocorrência.
O especialista em segurança pública considerou o vídeo chocante, mas disse estar convicto que faltaram equipamentos adequados aos PMs para que a abordagem fosse efetuada de forma correta e mais segura — para o suspeito e também a equipe envolvida na ação.
"Um teaser iria ajudar muito. Até mesmo um spray de pimenta. A situação [envolve] carga emocional alta, O estado não pode deixar o policial em uma situação em que ele precisa resolver no soco e no pontaé. Você compra viaturas blindadas e não compra teaser. Parece que falta na polícia e no governo uma priorização do que interessa e importa", ponderou o professor Rafael Alcadipani.
Em nota divulgada nesta quinta-feira (14), a Polícia Militar esclarece que na tarde de terça-feira (12), as equipes foram acionadas para atendimento de ocorrência de lesão corporal na rua Odorico Martins do Amaral, em Laranjal Paulista, em o filho teria agredido o pai.
No local, os policiais encontraram um idoso ferido no ombro e o agressor — que se tratava do filho — em posse de uma faca. O agressor estava alterado, aparentemente pelo uso de drogas, e com a chegada das equipes, passou a ameaçar os policiais, bem como o pai.
Ainda conforme o comunicado da Polícia Militar, foi iniciada a verbalização com o homem, porém em determinado momento, ele avançou contra os policiais para agredi-los com a faca, sendo necessário o uso de força para desarmá-lo e algemá-lo.
A ocorrência foi registrada na Delegacia de Laranjal Paulista como: lesão corporal, ameaça, dano e resistência. Os policiais militares também ficaram feridos. Foi instaurado Inquérito Policial Militar para apuração do caso.