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'Violência ostentação': agressores expõem vítimas na web

Vídeo de tortura com cigarro é exemplo de novo crime. Psicólogos analisam casos recentes

São Paulo|Caroline Apple, do R7

Tortura com cigarro foi compartilhada
Tortura com cigarro foi compartilhada Tortura com cigarro foi compartilhada

Um vídeo provocou revolta nas últimas semanas: uma jovem de 17 anos foi agredida durante quatro horas. Tapas, queimaduras com cigarro apareceram nas imagens. A sessão de tortura foi gravada por um cúmplice da algoz e exposta nas redes sociais.

O caso não é único. O compartilhamento da violência na web vem crescendo no Brasil e no exterior (veja lista de casos recentes).

Para Helio Roberto Deliberador, psicólogo e professor do Departamento de Psicologia Social da PUC-SP, a chamada “violência ostentação” é sinal de incivilidade.

— Cidadãos se sentem autorizados a praticar crimes e compartilhar esse momento, como se ele fosse justificável, como se fosse uma atitude ética e virtuosa. O que se publica na internet por alguém é aquilo que essa pessoa entende por certo.

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Para o psicólogo, a integridade física e moral da vítima fica abalada tanto por causa da violência em larga escala como pelo apoio nas redes às atitudes hostis.

Adolescentes

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Muitos dos casos de agressão que vão parar na internet envolvem adolescentes em idade escolar. A maioria dessas crueldades é praticada por razões banais, como a beleza de uma colega, um desentendimento em sala de aula ou ciúmes de um namorado.

Para Luciene Regina Paulino Tognetta, pesquisadora e uma das líderes do Gepem (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral) da Unicamp/Unesp, agredir, filmar e compartilhar na internet pode ser considerado um cyberbullying (prática de prejudicar outra pessoa por meio da tecnologia).

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— A necessidade de mostrar a violência que cometeu é uma forma de tentar manter uma relação de poder sobre a vítima. É uma forma de sentir prazer com a dor da outra pessoa. Quem ridiculariza e humilha outra pessoa tem falta de conteúdo moral, como a tolerância.

De acordo com Luciene, a atitude de divulgar a agressão para outras pessoas pode marcar a vida de um adolescente, que poderá carregar para sempre a imagem da forma como foi exposto.

— É um espelho social. O agredido começa a se ver como a imagem que a vítima acredita que as pessoas têm dela, como gordo ou feio, por exemplo. Isso rebaixa a identidade do jovem e pode levar ao isolamento, suicídio e a outras várias formas mais sutis de morrer, como o uso de drogas, distúrbios alimentares e mutilações, muito frequentes em meninas adolescentes. 

Policiais

Entre os vídeos de “violência ostentação”, há cenas compartilhadas por policiais após confrontos. Neste ano, a Secretaria de Segurança Pública chegou a abrir procedimento após algumas imagens serem compartilhadas em sites de admiradores de batalhões de elite da PM.

Deliberador afirma que quem é complacente com atos de brutalidade e repercute essa opinião em qualquer meio também está envolvido no "clima de violência" em que a sociedade está tomada. 

— Entre os maiores colaboradores para esse clima de tensão está o Estado, que deveria ser o mediador das relações sociais e protetor dos direitos e da segurança. Quando ele falha, como no caso da agressão praticada por policiais, acaba contribuindo para o contexto de violência, que faz com que o cidadão acredite que qualquer tipo de agressão possa ser justificável, tornando a crueldade um ato banal.

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Fobias

De acordo com Deliberador, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos que sofrem um tipo de agressão e têm esse ato de violência exposto na internet podem sofrer de depressão, fobias, perturbações do sono e sofrimento neurótico e psicótico. 

— A situação de violência deixa sequelas e cicatrizes. Os recursos e como cada pessoa conseguirá trabalhar esse trauma é que vai dizer quando as cicatrizes se tornaram marcas na vida, e não fatores que determinarão o futuro do agredido.

Indenização

Qualquer pessoa que sofra algum tipo de violência pode procurar a Justiça para tentar uma reparação de danos, por meio de indenização.

No caso de vídeos que circulam na internet, a vítima também pode responsabilizar a empresa dona da página onde a agressão ou ofensas estejam hospedadas virtualmente.

De acordo com o advogado criminalista Enderson Blanco, o primeiro passo é juntar provas de que o conteúdo está sendo exposto em determinado endereço na internet e, posteriormente, solicitar judicialmente a retirada da página do ar.

— A vítima consegue excluir a página com o conteúdo, porém, não é possível impedir os compartilhamentos, porque esbarra na liberdade de expressão, já que a finalidade de certos serviços na internet é possibilitar a troca de mensagens e o compartilhamento de arquivos.

Quem comete a agressão pode responder por diversos crimes. Blanco explica que crimes de lesão corporal pode dar de três meses a um ano de prisão.

Em relação ao crime de tortura, o algoz pode pegar dez anos de prisão. Se a lesão for de natureza grave ou gravíssima ou se a tortura for praticada contra criança a pena vai de dois a oito anos de prisão, mais um sexto até metade da sentença.

O caso pode também ser enquadrado como tentativa de homicídio.

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