Coronavírus Falta de dados dificulta combate ao coronavírus em favelas no mundo

Falta de dados dificulta combate ao coronavírus em favelas no mundo

Algumas das pessoas mais atingidas são as que moram em favelas densamente povoadas e em assentamentos informais

Reuters
Favela na Índia: governos têm poucos dados sobre assentamentos irregulares

Favela na Índia: governos têm poucos dados sobre assentamentos irregulares

Francis Mascarenhas / 9.4.2020

Conter os focos de coronavírus nas amplas favelas do mundo está sendo dificultado pela escassez de dados confiáveis, disseram especialistas nesta quarta-feira (6), pedindo um mapeamento e pesquisas mais amplos que ajudem a lidar com a crise de saúde global.

A pandemia já infectou mais de 3,5 milhões de pessoas em todo o globo e matou cerca de 250 mil, de acordo com levantamento da Reuters.

Algumas das pessoas mais atingidas são as que moram em favelas densamente povoadas e em assentamentos informais com pouca ou nenhuma água encanada e sistemas de esgoto inadequados.

As autoridades municipais têm poucos dados sobre estes assentamentos, o que torna mais difícil rastrear a disseminação da doença, identificar as pessoas em risco e direcionar os esforços de ajuda, disse Megha Datta, diretora da Geospatial Media and Communications, uma empresa de tecnologia da Índia.

"Não se consegue monitorar o que não se mediu. O acesso a locais precisos é imperativo para uma reação a desastres eficaz e uma redução de riscos", explicou.

"Ferramentas de navegação não se aplicam a favelas porque elas não foram mapeadas. A morfologia complexa e diversa das favelas também dificulta a extração de dados através de métodos padronizados", acrescentou.

Cerca de um terço da população urbana mundial vive em assentamentos informais, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas). Essas comunidades podem representar de 30% a 60% das habitações das cidades, mas normalmente são subestimados nas contas.

Mapeamento

Identificar e monitorar com métodos tradicionais, como pesquisas de porta em porta, consome tempo e dinheiro. Como a tecnologia se torna mais barata, autoridades que vão do Rio de Janeiro a Mumbai estão preferindo imagens de satélites e drones.

Atualmente, uma ferramenta de mapeamento do Banco Mundial que usa inteligência artificial, imagens de satélites e em três dimensões está ajudando cidades a identificarem as áreas que correm mais risco de propagar o coronavírus, como torneiras ou banheiros comunitários, ou onde o distanciamento social é impraticável.

Mas manter dados precisos é desafiador, porque as comunidades irregulares mudam muito rapidamente, disse Nikhil Kaza, professor-associado de planejamento municipal e regional da Universidade da Carolina do Norte.

"Alguns assentamentos são temporários, outros são caracterizados por uma permanência precária. Então é difícil criar estimativas populacionais ou estatísticas de saúde para estas vizinhanças transitórias", disse ele à Thomson Reuters Foundation.

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