O Governo de Minas Gerais determinou que os laboratórios públicos do Estado reduzam a quantidade de testes do tipo RT-PCR, usado na identificação de pessoas contaminadas com o coronavírus. A determinação foi feita por meio de uma nota técnica, publicada no dia 29 de dezembro e vale por 30 dias.
A justificativa para a orientação é a indisponibilidade de insumos na rede pública. A falta de materiais gerou alteração no fluxo de realização dos exames em alguns laboratórios, sobrecarregando o Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais). Em algumas situações, os testes foram enviados para serem feitos em outros estados, como o Rio de Janeiro.
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De acordo com a nota técnica, no último trimestre de 2020 houve um "aumento substancial da realização de testes laboratoriais" o que resultou em "atraso na liberação dos resultados". Conforme a nota assinada pela Coordenação Estadual de Laboratórios e Pesquisa em Vigilância, metade de todos os testes realizados no ano passado foi feita nos últimos três meses.
"Tal situação dificulta o manejo dos casos graves e dificulta a tomada de decisão assistencial", segundo a nota.
Com isso, conforme a orientação, a rede pública estadual irá testar todos os óbitos suspeitos de covid-19 e os casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) de pacientes hospitalizados, mas limitará os testes em casos mais leves. Nesses casos, os exames serão limitados a determinados grupos:
- Profissionais de saúde
- Profissionais de segurança pública
- Pessoas com mais de 60 anos
- Pacientes com situação clínica de risco
- Populações ou grupos sociais de alta vulnerabilidade (indígenas, quilombolas, ciganos, circenses e população em situação de rua)
- Indivíduos privados de liberdade
- Residentes em instituições de longa permanência de idosos
No caso de assintomáticos, serão testadas apenas gestantes e pacientes ou doadores do sistema MG Transplante.
Outra orientação da SES-MG é que os hospitais devem identificar os testes nos casos de óbitos ou de pacientes com SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) para que eles possam ser priorizados.
A redução no número de testes, no entanto, não impediu que o governo estadual registrasse os dois maiores números de registros de covid-19 nos dois últimos dias. Na quarta-feira (6), foram confirmados 7.715 novos casos e, no dia seguinte, foram registrados 7.250 testes positivos.
Outro lado
Procurada pela reportagem, a SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) reconheceu a falta de insumos de laboratório necessários "para o manuseio das amostras e reagentes no mercado mundial".
"Foi necessário um recuo temporário nos critérios de testagem, que são reavaliados periodicamente, de acordo com a capacidade operacional da rede e estoque de insumos disponíveis", diz a nota.
Ainda de acordo com a secretaria, foi aberto processo de compra para 330 mil testes rápidos para detecção de antígeno. O processo está em fase de análise jurídica.