Criminosos estão alterando componentes de drogas sintéticas para criar substâncias ainda mais perigosas aos usuários. As alterações, muitas vezes, são capazes inclusive de burlar as leis brasileiras.
O núcleo de Jornalismo Investigativo da Record TV ouviu especialistas por dois meses para apurar uma denúncia: peritos criminais do Estado de São Paulo estão sem condições de trabalho para atestar a existência dessas novas drogas.
Segundo peritos ouvidos pela reportagem do Domingo Espetacular, para uma substância ser considerada ilegal, ela precisa ser comparada com outra, já comprovadamente perigosa à saúde humana. Quando um químico, a serviço do crime, modifica a estrutura de uma droga automaticamente cria um novo entorpecente, que não é igual a nada já catalogado pelo banco de dados das polícias científicas.
Mortalidade de substâncias nocivas é grande
DEA“Muitos químicos clandestinos partiam de substâncias muitas vezes proibidas e alternavam a molécula, criando uma nova substância, que não estava presente na lista. Ou seja, mesmo que essa substância tivesse efeito de abuso e fosse usada ilicitamente, ela não teria possibilidade de enquadramento como tráfico de drogas por que não estava presente na lista da Anvisa”, disse o presidente da AssociaçÃo Nacional dos Peritos Criminais Federais, Marcos Camargo.
Apesar da tabela da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), criada há 25 anos, pequenas variações nas substâncias produzem uma nova droga, que não é descrita na lista.
“Na nossa lei, cada substância proibida está nominalmente descrita na lista da Anvisa. Se eu fizer pequenas modificações na estrutura química de uma substância, e trocar um átomo de hidrogênio por um átomo de cloro, aquela substância já não é mais a mesa, eu tenho uma nova substância pela simples substituição de um átomo”, explicou o professor de toxicologia da Unicamp, José Luiz da Costa.
“Nós vemos que a mortalidade e as doenças crônicas decorrentes do uso de substâncias nocivas, é muito grande. Você pode não sentir nada naquele instante, mas certamente, o efeito dela vai te alcançar em cinco, dez, 20 anos ou imediatamente”, afirmou o toxicologista Anthony Wong.