Vacina contra o sarampo não aumenta risco de autismo nem o desencadeia
Marcelo Camargo/Agência BrasilUm novo estudo comprova mais uma vez que a vacina contra o sarampo não tem nenhuma relação com o autismo.
A tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, não aumenta o risco de autismo e não desencadeia autismo conforme comprovou uma pesquisa realizada com mais de 650 mil crianças publicada nesta terça-feira (5) no periódico médico Annals of Internal Medicine.
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Com o crescimento do movimento antivacina – o surto de sarampo nos Estados Unidos está ligado a não vacinação de grupos judaicos ortodoxos –, o objetivo do estudo era fornecer respostas científicas sólidas sobre o assunto.
O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e do Statens Serum Institut, instituto de pesquisa também da Dinamarca.
Eles utilizaram como base um registro populacional de crianças nascidas entre 1999 e 2010, na Dinamarca. Elas foram acompanhadas até agosto de 2013. Nesse período foram documentadas informações como diagnósticos do transtorno do espectro do autismo, fatores de risco conhecidos, como idade dos pais, diagnóstico de autismo em um irmão, parto prematuro e baixo peso ao nascer.
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Mais de 95% das crianças pesquisadas receberam a vacina e 6.517 foram diagnosticadas com autismo. A vacina não aumentou o risco de autismo nem desencadeou autismo em crianças suscetíveis ao transtorno.
O mito que vincula vacinas a autismo surgiu em 1988, quando Andrew Wakefield publicou um estudo na revista médica The Lancet. Wakefield havia sido pago por um escritório de advocacia que pretendia processar fabricantes da vacina tríplice viral, segundo a rede norte-americana de TV CNN.
Em 2010, ele perdeu a licença médica e, em 2011, a Lancet retirou a publicação do ar, após uma investigação que descobriu que Wakefield deturpou as informações sobre as 12 crianças que serviram de base para a conclusão de seu estudo.
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“Dezessete estudos em sete países e três continentes não encontraram nenhuma ligação entre vacinas e autismo. Acho justo dizer que, após o estudo publicado nesta terça-feira, a verdade surgiu”, afirmou Paul Offit, diretor do Centro de Educação em Vacinas do Hospital Infantil da Filadélfia, para a CNN.
Atualmente há um surto global de sarampo, com um amento de 48% dos casos entre 2017 e 2018, segundo a Unicef. Dez países, incluindo o Brasil, são responsáveis por três quartos do aumento total de casos de sarampo em 2018.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) considerou a vacinação hesitante - relutância ou recusa em vacinar apesar da disponibilidade de vacinas - como uma das 10 principais ameaças à saúde global em 2019.
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