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Apesar da evolução nas formas de tratamento e prevenção, a Aids (síndrome da imunodeficiência adquirida), continua a ser uma preocupação da população mundial e de saúde pública. Segundo dados do Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas), 14 mil pessoas morreram no Brasil em decorrência do vírus HIV, em 2016.
A organização ainda estima que 830 mil pessoas vivem com a doença no País, sendo que o Brasil é o que mais concentra novos casos de infecções na América Latina (49%). Mesmo sendo mundialmente conhecida, a Aids ainda causa muitas dúvidas.
Por isso, a professora do Departamento de Saúde Coletiva da FCMSCSP (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo), Maria Amélia de Sousa Mascena Veras esclarece mitos e verdades sobre a síndrome. Veja a seguir:Thinkstock
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Mulheres soropositivas podem engravidar sem que o vírus HIV seja transmitido. VERDADE.
— Se já estiverem em tratamento ou o iniciarem o quanto antes, o risco de transmissão para o bebê é quase zeroEBC
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O vírus HIV pode ser transmitido por beijo, abraço ou aperto de mão. MITO.
— O HIV é transmissível apenas por contato sexual ou pelo sangueThinkstock
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É possível contrair o vírus HIV no sexo oral. VERDADE.
A especialista explica que apesar de ter menos riscos se comparada ao sexo anal e vaginal, a pessoa também pode contrair a doença no sexo oral.
— As chances aumentam se houver alguma ferida aberta ou ejaculação na bocaPixabay
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Todo portador de HIV tem Aids. NÃO NECESSARIAMENTE.
A professora ressalta que HIV é o vírus, que pode ou não se manifestar em sua síndrome (Aids)Thinkstock
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No Brasil, é possível fazer prevenção medicamentosa para evitar a contaminação do HIV. VERDADE.
Maria explica que no País já existe a PEP (profilaxia pós-exposição), um conjunto de medicamentos anti-HIV, que pode ser tomado até 72 horas após a situação de risco, durante 28 dias, para diminuir as chances de uma infecção pelo HIV.
— Porém, será possível fazer prevenção medicamentosa para evitar a contaminação deste vírus a partir de 1º de dezembro de 2017, quando foi implementada a PrEP (profilaxia pré-exposição) no SUS (Sistema Único de Saúde).
Entretanto, a professora ressalta que a PrEP não protege contra nenhuma outra doença sexualmente transmissível, como sífilis, hepatites ou gonorreiaGetty Images
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O diagnóstico é feito somente por exame de sangue. MITO.
— Além do teste pelo sangue, já existe o teste de fluido oral, que é capaz de detectar a presença de anticorpos para o HIV na salivaThinkstock
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Se o exame der negativo, posso respirar aliviado (a). MITO.
Apesar de ter uma chance muito grande de que a pessoa não esteja infectada, se ela tiver sido exposta ao HIV durante a chamada de janela imunológica – período que o organismo necessita para desenvolver anticorpos detectáveis nos exames –, pode haver infecção com resultado negativo, afirma Maria.
— Vale lembrar que, para os testes disponíveis no sistema público de saúde, considera-se como janela imunológica o período de 30 dias após situação de risco. Caso a pessoa acredite ter se exposto durante esse período, recomenda-se repetir o teste 30 dias depoisGetty Images
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É possível contrair vírus HIV em estúdios de tatuagem, manicures e consultórios de dentista. VERDADE.
A professora alerta que é possível contrair inclusive outras infecções graves como hepatites.
— Por isso, é necessário que todos os aparelhos utilizados sejam descartáveis ou devidamente esterilizados antes de serem utilizados novamenteGetty Images
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Portadores de HIV, mesmo fazendo tratamento correto, morrem mais cedo do que pessoas que não estão infectadas. TALVEZ.
Maria explica que portadores de HIV têm um risco maior de desenvolver problemas de saúde como infecções oportunistas (tuberculose, toxoplasmose etc.) e alguns tipos de câncer.
— No entanto, pessoas que iniciam o tratamento cedo e o fazem da maneira correta, diminuem significativamente esses riscos. Atualmente, há muitas pessoas vivendo com HIV com a mesma expectativa de vida de pessoas não-infectadasReprodução/Getty Images
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É preciso haver penetração para a transmissão do HIV. MITO.
O HIV tem diversas formas de transmissão, inclusive pelo sangue, explica a professora.
— O sexo com penetração é um dos que oferecem maior risco, especialmente se houver ejaculação ou feridas abertas em qualquer um dos órgãos envolvidos (pênis, ânus ou vagina)Thinkstock
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Os novos coquetéis de drogas fizeram da Aids uma doença crônica como a hipertensão. DE CERTA FORMA, SIM.
— Entretanto, é preciso lembrar que interromper o tratamento vai fazer com que o vírus volte a se multiplicar, além de favorecer sua mutação em formas mais resistentes aos medicamentos disponíveisGetty Images
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Toda camisinha é 100% confiável. MITO.
Nenhum método de prevenção é 100% eficaz, mas o preservativo tem um grau de proteção muito alto, próximo a 100%, se utilizado da maneira correta, explica a especialista.
— Recomenda-se, especialmente no sexo anal, que ela seja utilizada junto a um gel lubrificante à base de água, uma vez que o ânus não possui lubrificação natural e a camisinha pode se romper com o atritoGetty Images / 26.02.2013
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Quem tem uma relação estável pode dispensar o preservativo. DEPENDE.
Segundo a professora, esta é uma decisão precisa partir de cada casal.
— Se ambos forem soronegativos e mantiverem uma relação estritamente monogâmica [sem outros parceiros], não há qualquer chance de infecção pelo HIV. Se um ou ambos os parceiros possuírem o HIV, recomenda-se o uso da camisinha para evitar a infecção do parceiro HIV negativo ou a reinfecção no caso de uma pessoa HIV positivoPixabay